terça-feira, 9 de junho de 2020

WAGNER GONZALEZ em Conversa de pista

Wagner Gonzalez
Devagar e sempre a velocidade volta às pistas


Pouco a pouco o automobilismo vai voltando ao normal, em alguns casos mais rápido, noutros nem tanto, mas sempre com muitas negociações para evitar tanto quanto possível a propagação do Coronavírus. Ontem, em São Paulo, o Secretário da Casa Civil Orlando Faria recebeu dirigentes e promotores para conversar sobre a possível reabertura de Interlagos, conversa que faz parte de um plano mais amplo. Na Europa, Mercedes e Ferrari se preparam para enfrentar as curvas e retas de pistas inglesa e italiana não em busca de melhorias mecânicas: com carros de 2018 essas equipes querem que seus mecânicos
Interlagos pode reabrir para treinos em julho e corridas em agosto (Julio D'Paula)
conheçam as limitações que vão caracterizar o modus operandi da F-1 2020. Nos Estados Unidos a F-Indy e a Nascar movimentaram o fim de semana com provas sem espectadores, algo impensável para Roger Penske. O dono de Indy já avisou: sem público as 500 Milhas de Indianapolis não acontecerão este ano. Não falta assunto para as infinitas
 lives e posts destes tempos de isolamento coercitivo.

A reunião com o secretário municipal teve a presença do presidente da Federação de Automobilismo de São Paulo (FASP), José Aloizio Cardozo Bastos, representantes das Confederação Brasileiras de Automobilismo e Motociclismo e das categorias Stock Car e Porsche Cup, além de vereador Rodrigo Goulart (PSD), cuja base eleitoral é a região de Interlagos. Ademais da apresentação de protocolos de funcionamento focados em distanciamento social, controle sanitário e presença mínima de pessoas nos boxes – as arquibancadas de Interlagos não serão abertas ao público -, foi proposta a reabertura da pista em duas fases. Na primeira, em julho, o circuito seria aberto para treinos e na segunda, em agosto, voltariam as corridas. A medida vale também para o kartódromo paulistano.

Essas negociações deverão ganhar maior dimensão ainda esta semana: Goulart e o presidente da FASP deverão se reunir com autoridades estaduais para pleitear a liberação de outras pistas espalhadas pelo interior de São Paulo, caso dos autódromos de Piracicaba e do Velo Città e kartódromos como os de Itu e o de Birigui, entre outros. De acordo com Cardozo Bastos “a proposta foi bem recebida e estou confiante que a análise detalhada dos protocolos apresentados vai contribuir muito para a liberação de Interlagos.” Goulart, por seu lado, encampou a ideia de que as limitações impostas aos esportes não se aplicam ao automobilismo “pois não se trata de um esporte de contato e tampouco teremos aglomerações, uma vez que o público não terá acesso às arquibancadas”.

Na Europa o processo está bem mais avançado: ontem a DTM realizou a primeira e quatro sessões de testes “pré-temporada” no traçado GP de Nürburgring. Nove pilotos participaram do ensaio - cinco pilotando Audi e quatro BMW – e o mais rápido foi o austríaco Phillipp Eng, que fez 1’19”204, cerca de quatro décimos abaixo do tempo que René Rast gastou par conquistar a pole position na prova de 2019 nessa pista. A temporada do DTM começa no primeiro fim de semana de agosto em Spa-Francorchamps, pista incluída nas oito etapas do Mundial de F-1 deste ano, no dia 30 de agosto.

A largada do campeonato acontece 5 de julho e todas as provas confirmadas até o momento acontecerão na Europa: Áustria (5 e 12/7), Hungria (19/7), Inglaterra (2 e 9/8), Espanha (16/8), Bélgica (30/8) e Itália (6/9). Em recente entrevista à BBC Sport Ross Brawn admitiu que “a situação instável em muitos países torna difícil confirmar a realização de provas nesses locais” e citou como os estados mais ameaçados de ficar fora do calendário 2020 Brasil, México e Rússia. Os promotores do GP do Brasil, porém, na última sexta-feira confirmaram que os planos de realizar a prova em Interlagos seguem firmes.

Em meio a tudo isso Mercedes e Ferrari trabalham para facilitar a adaptação de seus mecânicos e engenheiros às novas condições de trabalho: a primeira fará dois dias de treinos em Silverstone e a segunda em Fiorano. Circulam rumores que o teste da Ferrari poderia acontecer em Mugello, sede da etapa italiana da MotoGP, e também porque o local é passível de receber uma segunda corrida na Itália, logo após a etapa em Monza.

Se consumado, seria o cenário ideal para uma grande festa nacional: a nona etapa da temporada 2020 marca o milésimo GP da Scuderia de Maranello e celebrar esse marco em uma pista no país teria impacto bem maior do que em qualquer outro circuito.

Além do mais o autódromo situado em Scarperia, na Toscana, é de propriedade da Ferrari e o Automóvel Clube Italiano (ACI) apoia a ideia. Uma série de ilustrações com os principais pilotos e carros dessa história será lançada durante o ano.

Tal qual a esperada reabertura de Interlagos e as provas europeias, as competições nos Estados Unidos também acontecem sem a presença de público nas arquibancadas, situação que não deverá acontecer nas 500 Milhas de Indianapolis: sem a liberação de torcedores nas arquibancadas do Indianapolis Motor Speedway a famosa Indy 500 não vai acontecer. A ordem veio de ninguém menos que Roger Penske, atual proprietário do icônico circuito norte-americano onde há mais de um século é disputada uma das provas mais tradicionais do automobilismo.

Por causa da pandemia do Coronavírus a competição foi transferida do feriado do Memorial Day (último fim de semana de maio) para o dia 23 de agosto; caso ainda haja restrições de eventos públicos nessa data Penske admite adiar novamente, para outubro. “Estamos nos preparando para realizar a corrida em agosto e acho que nessa época estaremos em condição para tanto. De qualquer maneira, a corrida só acontecerá com a presença de público.”

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