Alta Roda nº 723/83 – 07/03/2013 |
Fernando Calmon |
Dois novos sedãs compactos lançados em um intervalo de menos
de sete dias – primeiro o Chevrolet Prisma e, em seguida, o Hyundai HB20S –
comprovam o grau de competitividade no setor e no segmento em particular. Agora
são nada menos de 18 modelos na faixa entre R$ 26.000 e R$ 55.000, do básico ao
mais completo. O novo Prisma, versão sedã do hatch Onix, vai de R$ 34.990 (LT,
motor de 1 litro) até R$ 45.990 (LTZ, motor de 1,4 litro).
Sedãs compactos praticamente não existem na Europa, mas têm
boa aceitação no Brasil, na América Latina e até nos EUA (no caso, baixa
participação nas vendas totais). Em geral, colocar porta-malas saliente em
carros pequenos é desafio em termos de estilo. No caso do lançamento da GM, a
solução, bem interessante, passou por mudar as linhas do teto e disfarçar ao
máximo a protuberância traseira, sem prejudicar o volume do porta-malas (500
litros). Algo como carroceria de 2,5 volumes, contra 3 volumes tradicionais, que
a fábrica chama, inapropriadamente, de “sport sedan”.
Comprimento, em relação ao Onix, cresceu cerca de 9% para
4,275 m, ou 1,5 cm menos que o Fiat Grand Siena, por exemplo. Apenas 12 kg na
massa total separam os dois Chevrolet compactos. Por isso, o desempenho é
praticamente igual: sofrível com motor de 1.0/80 cv/9,8 kgf⋅m e bastante
adequado, no caso do 1,4 l/106 cv/13,9 kgf⋅m. Sem dúvida, a engenharia
conseguiu fazer um bom trabalho ao transformar um propulsor de projeto antigo,
sem sofisticação mecânica, em unidade com bom fôlego e funcionamento suave.
Pena que continue a sonegar dados de consumo de combustível, apesar do nome
pomposo SPE/4 que lembra economia na
própria sigla.
Há bom espaço interno, inclusive no banco traseiro (cabeças
sem raspar no teto), além de ótimo ângulo de abertura das portas. Desde a
versão de entrada oferece direção com assistência hidráulica, vidros elétricos
dianteiros, ajustes de volante (só em altura) e de altura do banco do motorista
(apenas do assento), sensor de estacionamento, além de freios ABS e airbags
frontais (obrigatórios por se tratar de novo projeto). Até meados do ano terá
opção de câmbio automático. Versão de topo tem tela de toque de LCD opcional
(R$ 1.300) com várias funções que permite instalar câmera de ré e navegação com
GPS associada a um programa (BringGo) para celular inteligente ao custo de R$
100.
Prisma encerrou um ciclo de dez modelos e versões novos
(incluindo mexicanos) da marca Chevrolet, em apenas 18 meses, sem paralelo no
Brasil. Restaram intocados apenas Celta e Classic. Estratégia audaciosa, porém levará
ao envelhecimento simultâneo de quase toda a linha nos ciclos normais de
meia-vida (quatro anos) e de nova geração (sete anos). No entanto, a empresa assegura
que previu esse cenário e administrará arranjos futuros.
Atual fase de investimento incluiu a nova fábrica para
200.000 motores/ano em Joinville (SC), inaugurada semana passada. De lá se
esperam novas gerações de motores (fala-se em um 3-cilindros) e produção futura
de câmbios automáticos mais voltada à exportação, quando a Europa se recuperar.
Para os desafios de diminuição de consumo de combustível, do programa
Inovar-Auto, até 2017 a empresa estaria assim, bem preparada.
RODA
VIVA
ENTRE baixas no final
do ano, em razão de normas de segurança (ABS e airbags), estará a picape
Courier. Ford até cogitou de desenvolver a sucessora. Mas, em termos mundiais,
se trata de mercado restrito: Brasil, América Latina e África do Sul. Empresa
terá só produtos globais em todos os mercados e picape leve, derivada de carro,
não se enquadra.
FIAT, ao
contrário, aposta cada vez mais no mercado que ela mesmo criou no Brasil (no
exterior já existia e depois minguou). Começou em 1978, ainda como picape 147. Atual
Strada, além de líder do segmento, aparece entre 10 mais vendidos veículos
leves. Não estranha que desenvolva cabine-dupla de três portas, com abertura
para trás.
CITROËN DS4 é o mais equilibrado da linha
“premium” da marca francesa, sem ousadia exagerada do DS3 ou dimensões
avantajadas do DS5. Hatch de teto alto e quatro portas, maçanetas traseiras
estão escondidas junto à terceira coluna. R$ 99.990 é puxado, mas lista de
equipamentos compensa. Motor turbo 1,6/165 cv (projeto BMW) vai muito bem com câmbio automático
6-marchas (Aisin, japonês).
TECNOLOGIA, hoje,
em rápida expansão, turbocompressor completou meio século de existência ano
passado. Começo foi difícil: apenas 10.000 Oldsmobile Jetfire fabricados em
1962/63. Problemas técnicos tiraram o carro de linha. Voltou com o Porsche 911
Turbo, em 1974. Desde então a evolução foi grande e tendência de equipar maioria
dos automóveis.
OBRIGAÇÃO relaxada
por falta de fiscalização: faróis ligados no facho baixo, ao anoitecer,
independentemente de circular em estradas. Na cidade, mesmo com boa iluminação
pública, não podem ser esquecidos. Em túneis também há obrigação legal. Função
dos faróis é dupla: ver e ser visto.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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