O que é tratado como brincadeira pode ser uma ameaça à
segurança da aviação. O Cenipa (Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes
Aeronáuticos) alerta para o risco que existe em práticas como mirar laser
contra aeronaves e soltar balões não tripulados, os chamados balões juninos.
Em 2015, foram relatadas, ao todo, 1.286 ocorrências envolvendo esses
artefatos. São situações em que pilotos, controladores de tráfego aéreo e
operadores aeroportuários avistam os balões ou fachos de luz durante o voo ou manobras. O problema é que, muitas vezes, isso reflete diretamente na operação da
aeronave.
Laser
“O raio laser pode provocar desde uma distração, passado pelo ofuscamento da
visão e até uma cegueira temporária ou permanente, dependendo do tipo de
atuação daquele laser na vista do piloto. Os riscos aumentam gradativamente”,
explica o major-aviador Daniel Duarte Moreira Peixoto, porta-voz do Cenipa.
Isso geralmente ocorre nas fases de aproximação da aeronave com o aeroporto,
além de pousos e decolagens. “A brincadeira consiste em iluminar a aeronave o
laser. Mas quem faz isso talvez não tenha a consciência do que acontece numa
cabine. Então tentamos atuar de uma forma educativa, alertando que, o que pode
parecer uma simples brincadeira para quem está no chão, representa um perigo
para quem está no ar”.
Balões não tripulados
As situações envolvendo balões não tripulados são ainda mais complicadas, pois
podem ocorrer durante o voo de cruzeiro. “Eles podem prejudicar a trajetória,
levando a uma manobra evasiva, e até colidir com as aeronaves, entupindo algum
sistema de navegação necessário para a operação do avião”, diz o
coordenador-geral de Navegação Aérea da SAC (Secretaria de Aviação Civil), Max
Dias, que também coordena um grupo de trabalho formado pelas autoridades da
aviação no Brasil para investigar e prevenir o risco baloeiro.
“Existem balões que voam transportando fogos de artifício, gás, materiais
pesados. Em contato com a aeronave a 800 km/h, imagine o efeito”, complementa o
major-aviador Daniel Peixoto.
Em 2011, por exemplo, um balão que carregava uma simples faixa gerou
transtornos sérios em um voo da Tam. O material obstruiu sensores do avião, que
responsáveis por passar informações sobre a performance da aeronave, como
velocidade. Por sorte, era de dia e as condições climáticas favoráveis, o que
permitiu que o piloto conduzisse o avião até o pouso, em segurança.
Crime
Fabricar, vender, transportar ou soltar balões é crime ambiental, em razão do
risco de incêndio em áreas de vegetação e urbanas. A pena é detenção de um a
três anos e/ou multa.
Mas mesmo os chamados balões ecológicos, que não utilizam chamas, podem levar a
uma punição, já que também é crime expor aeronave a perigo ou praticar qualquer
ato que impeça ou dificulte a navegação aérea. Isso leva a reclusão de dois a
cinco anos.
“A soltura de balões é uma cultura do brasileiro. Principalmente no período de
festas juninas. Mas a soltura indiscriminada é um problema. Às vezes você não
está vendo o trafego aéreo, mas lá em cima está passando uma aerovia. Por isso
é importante que a soltura seja coordenada com as autoridades”, salienta Daniel
Peixoto.
Regras
Apesar disso, há regras que permitem a soltura de balões não tripulados. Mas
são bem restritivas e a operação exige autorização da Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) e do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).
As normas estão no Anexo B da ICA (Instrução do Comando da Aeronáutica) 100-12.
Para acessar a íntegra, clique aqui.
Natália Pianegonda
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