Alta Roda nº 899/249 – 28 /07 /2016
Fernando Calmon |
Quando
a GM decidiu renovar toda a sua gama de produtos no Brasil no intervalo de
praticamente um ano, em 2012, sabia que quatro anos depois, em 2016, teria de
repetir a maratona de lançamentos. Foram seis, em sete meses. Estreiam agora,
de uma só vez, Onix e Prisma 2017 com duplo desafio: aperfeiçoar o visual e, ao
mesmo tempo, atender as normas obrigatórias de eficiência energética de
outubro.
A renovação de estilo do Onix, atual líder de vendas do mercado, apesar de não
acentuada, é fácil de reconhecer em razão de mudanças no capô, grade,
para-choque e faróis. Um par de lanternas dianteiras no formato de fileira de
LEDs pode até ser confundido com um farol DRL verdadeiro. No caso, trata-se
apenas de “assinatura visual” e, pela nova lei, obrigará o motorista a ligar os
faróis baixos convencionais. Caberá às concessionárias explicar aos
compradores, para evitar multas.
Quanto ao Prisma, além das mudanças na parte dianteira, recebeu novas lanternas
traseiras e um discreto defletor na tampa do porta-malas. Foi uma solução de
compromisso, pois sedãs compactos costumam dar mais trabalho aos desenhistas
pelo desbalanceamento de volumes entre frente e traseira. Ajudou no equilíbrio
de linhas e dinâmico do Onix/Prisma a diminuição de 1 cm na altura total por
meio de mudanças nas suspensões. Isso é muito raro de acontecer em modelos
produzidos para o país dos quebra-molas ou lombadas. A maioria dos carros fica
mais alta aqui do que no exterior.
Porém, como esperado, a marca Chevrolet também embarcou na onda “aventureira”
dos hatches compactos e apresentou o Onix Activ. A fórmula é a de sempre:
altura de rodagem (3 cm maior, incluindo suspensões e pneus), acabamento
diferenciado, barras de teto e mais equipamentos. Essa versão ainda não tem
preço anunciado. O Onix começa em R$ 44.890 com motor de 1 litro e vai a R$
59.790, de 1,4 L; Prisma entre R$ 53.690 e 64.690, de 1,4 L. A empresa ainda
não divulgou também o preço do sedã com motor de 1 L. O sistema OnStar oferece
mais um pacote de serviços. Adotou, ainda, monitoramento de pressão de pneus.
A GM surpreendeu os competidores ao diminuir o consumo de combustível,
obrigatório no programa Inovar-Auto, sem lançar nova família de motores.
Avaliou o automóvel como um todo. Começou pela fórmula tradicional de pneus
verdes e direção eletroassistida. Diminui o peso total do Onix em 32 kg e do
Prisma em 34 kg, o que seria, mais ou menos, a redução de massa se utilizasse
um propulsor de três cilindros. Manteve os quatro cilindros e fez vários
aperfeiçoamentos internos. Adotou câmbio de seis marchas, tanto manual (agora)
quanto automático (já existente e reprogramado para menor consumo), além de
ajudar na diminuição de rotações e nível de ruído a bordo.
Os modelos Chevrolet foram os últimos a aderir ao Programa Brasileiro de
Etiquetagem Veicular (PBEV). Neste período a engenharia estudou o ciclo de
medição de consumo em laboratório e concluiu que estava apta a atender ao prazo
fatal, com nota A no segmento, a preço conveniente. No entanto, não vai
“escapar”, adiante, do motor de três cilindros já existente na Europa, quando
se anunciar a segunda rodada do PBEV, a partir de 2018.
RODA VIVA
HONDA mudou de estratégia em relação à décima geração
do Civic (quinta, no Brasil). Manteve o motor flex de 2 litros em três versões
tradicionais. Lança uma quarta opção, Touring, para concorrer com modelos mais
caros das marcas alemãs. O motor de 1,5 litro turbo, injeção direta, 175 cv e
22,4 kgfm, inicialmente apenas a gasolina, será flex quando nacionalizado.
PRIMEIRAS unidades chegam ao mercado no fim de agosto.
O Civic cresceu em dimensões internas e ganhou espaço no banco traseiro. Ficou
mais baixo e aerodinâmico sem afetar o conforto dos ocupantes. O motorista tem
melhor visibilidade e resposta mais direta da direção. Câmbio automático CVT,
de sete marchas virtuais, tem trocas até aceitáveis.
PREÇOS do novo Civic subiram bastante. Começam em R$
87.900 e vão a R$ 124.900. Provavelmente, a Honda decidiu segurar a demanda
inicial pelo preço até o mercado voltar a crescer e permitir abrir a segunda
fábrica, que está pronta. Como a situação pode perdurar mais um ano, o preço
ficaria “congelado” e a inflação afetaria os concorrentes.
OUTRO modelo que recebeu impacto da desvalorização
cambial e do imposto adicional de importação dos Estados Unidos foi o SUV
médio-grande Ford Edge em sua nova geração. O preço alcança R$ 229.900. Tem
tração 4x4 e pacote tecnológico que inclui controle de cruzeiro adaptativo,
câmara frontal de visão 180° e cintos de segurança infláveis no banco traseiro.
ESTUDOS feitos na Alemanha indicam que uso de cintos
de segurança traseiros por crianças pode diminuir em mais de 50% lesões graves
e/ou fatais em acidentes. Mesmo que os cintos, projetados para adultos, não
sejam adequados para crianças, melhor ter essa proteção mínima do que nenhuma.
Certo é seguir a legislação pela idade da criança.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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