segunda-feira, 26 de março de 2018

Às 11h06, Amyr Klink e Joel Leite cravam bandeira em vilarejo mais austral do planeta


O mais recente livro do navegador Amyr Klink faz jus à sua última missão cumprida. “Não há tempo a perder” resume com louvor a viagem “Honda – Pra Lá do Fim do Mundo”, cuja largada aconteceu no dia 7 de março, na sede da empresa em São Paulo (SP). E de fato, não houve: às 11h06 do dia 25 de março de 2018, Amyr e o jornalista Joel Leite cravaram a bandeira em Puerto Toro, vilarejo mais austral do planeta, no extremo sul do Chile.

“Foi uma experiência surpreendente; ninguém nunca viu carros de fora chegarem até aqui. A viagem teve grandes surpresas, como esse tempo maravilhoso que nos presenteou em nossa chegada a Puerto Toro. Estamos em latitude 55° 05' 00" S. O extremo sul oficial é o cabo Horn, um pouquinho mais ao sul. Nossos amigos do Ushuaia vão ficar condoídos com esta informação”, brincou o navegador após pisar nos primeiros trechos de estrada da comunidade chilena de pescadores de centolla (caranguejo gigante) e ser recebido em condições climáticas bastante favoráveis para a região: sol e ausência de ventos.

Foram exatos 8.147 quilômetros percorridos a bordo de quatro automóveis da marca, dois Honda HR-V Touring e dois Honda WR-V EXL. Os viajantes cumpriram a missão na companhia de uma equipe de produção, vídeos, textos, fotos e apoio logístico. No vilarejo mais austral do mundo vivem 18 habitantes apenas, entre militares com suas famílias, pescadores de centolla e um professor que dá aulas para as duas crianças que residem na comunidade.

Após percorrem quatro países - Brasil, Uruguai, Argentina e Chile -, Amyr e Joel partiram de Punta Arenas (CL) em travessia de 32 horas rumo a Ilha Navarino com os veículos a bordo da Yaghan, gigantesca balsa da Transportadora Austral Broom, de 77 metros de comprimento, com capacidade para 70 carros e 184 passageiros. O trajeto de navegação seguiu rumo sul pelo estreito de Magalhães e, em seguida, pelo canal de Beagle, que liga as águas do Atlântico com as do Pacífico. Os canais são ladeados por montanhas nevadas e glaciares; o mar gelado, onde podem ser vistas alcateias de leões-marinhos, brilha em meio à vegetação selvagem.

A chegada a Puerto Williams, no sábado, dia 24, indicava a proximidade ao destino final. O cartão postal da cidade de 2,8 mil habitantes são os Dientes de Navarino: uma cadeia de montanhas espetacular de 1.118 metros de altitude. Ontem, dia 25, domingo, às 7h30 da manhã, a tripulação da viagem “Honda – Pra Lá do Fim do Mundo” já aguardava novamente pela Yaghan.

A travessia em direção de Puerto Williams até Puerto Toro, em direção ao Atlântico, leva 2h20 (são 50 quilômetros de navegação) – não há estrada que liga, na Ilha Navarino, as duas localidades. O sol brilhou assim que a Yaghan atracou na praia que banha o vilarejo. “Foi uma aventura porque tivemos momentos emocionantes e uma viagem que qualquer um pode fazer. Os carros se comportaram muito bem e, com conforto, chegamos ‘Pra Lá do Fim do Mundo”, comemorou o jornalista com a bandeira que leva o nome do projeto na mão.

Viagem - Desde São Paulo, ponto de partida da jornada, navegador e jornalista seguiram pelo sul do Brasil, com passagem pelos 25 quilômetros dos sinuosos trechos da Serra do Rio do Rastro (SC) e parada estratégica em Xangri-lá, cidade que recebe o Honda Energy, parque eólico da montadora. O empreendimento produz quase 85 mil MW/ano e torna a montadora completamente auto suficiente em energia.
A dupla percorreu trechos da maior extensão de areia contínua do mundo, no Rio Grande do Sul (RS), até a divisa entre o Brasil e o Uruguai. Seguiram rapidamente pelas estradas uruguaias com parada em Piriápolis, cidade portuária uruguaia que, de acordo com o navegador, é o maior ponto de encontro de veleiros que partem para a Antártica.

Em Colônia do Sacramento, cidade mais antiga do Uruguai, Amyr e Joel atravessaram o rio da Prata rumo a Buenos Aires via balsa Buquebus.

A icônica Ruta 3, estrada de 3079 km, que sai da capital argentina e segue até Ushuaia foi percorrida quase que por toda sua extensão. Em Comandante Luis Piedra Buena, a dupla cruzou a Argentina em direção ao Pacífico e atravessou a fronteira para o Chile. Objetivo do navegador era conferir os resquícios do rompimento do arco de gelo do Glaciar Perito Moreno.

Na pegada sustentável, uma pernoite no EcoCamp, hotel situado no Parque Nacional Torres Del Paine. São 33 domos construídos sobre plataformas que mal encostam no chão; o objetivo é preservar o meio ambiente. A cadeia de montanhas que emoldura a paisagem no parque nacional é umas das preferidas de Amyr Klink. As torres que dão nome ao parque dominam o horizonte e imperam em meio a outras tantas montanhas na região.
Punta Arenas, alguns quilômetros percorridos e o fim das terras contínuas do Continente Americano. O Estreito de Magalhães foi vencido com uma travessia de balsa que levou os nove integrantes da equipe e os 4 veículos a bordo; duas horas até chegar na ponta norte da Ilha Grande, região também conhecida como a Terra do Fogo. O navegador português Fernão de Magalhães foi o primeiro europeu a navegar pelo estreito, em 1520, durante sua viagem de circum-navegação. Foram os navegadores europeus também que, ao avistarem os pontos de fogo que aqueciam as quatro principais etnias indígenas que viviam por aqui na época, chamaram esse pedaço de continente de Terra do Fogo.

A medida que os carros avançavam na direção sul, as condições climáticas endureciam; teve ventos, granizo, neve, chuva e também dias ensolarados que refletiam nos picos nevados. Os veículos percorreram condições diversas; desde o asfalto a ruas esburacadas e mais ao sul da Argentina e Chile a predominância do rípio, um cascalho solto que obriga os condutores dos veículos a manterem uma distância segura para não serem surpreendidos com uma trinca no para-brisa.

O jornalista bem observou uma característica bastante singular das estradas chilenas de rípio; são inclinadas para os lados, obrigando o condutor a rodar mais ao centro da estrada. “E quando esses trechos são asfaltados, essas características permanecem. Por aqui, é preciso bastante cautela durante a condução”, comentou. Do rompimento do Glaciar Perito Moreno a expedição seguiu para observar mais um fenômeno da natureza: o equinócio permitiu uma visita de carro ao Desdemona, navio encalhado em 1985 na praia de San Pablo, na Ilha Grande.
De Ushuaia, a apenas 60 quilômetros de Puerto Williams, não há travessia pelo canal de Beagle para os veículos. A dupla então encarrou mais 618 quilômetros, cruzou novamente a fronteira da Argentina com o Chile até a chegada em Punta Arenas. De lá, iniciaram a saga de 540 quilômetros a bordo da Yaghan. “Eu não gosto de cantar vitória antes de concluir um trabalho. Estava muito preocupado porque numa viagem como esta há centenas de imprevistos; mas eu estou muito feliz de ter proposto uma ideia e nesse momento podemos dizer que cumprimos a missão. O sentimento agora é de alegria e de já pensar na próxima viagem”, afirmou o navegador ao desembarcar no vilarejo mais austral do planeta.

O canal oficial de divulgação da viagem “Honda – Pra Lá do Fim do Mundo” é o Portal EcoInforme, site de notícias relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade da agência Agência AutoInforme, da qual Joel Leite é sócio diretor. Por lá, é possível assistir aos 19 episódios que foram produzidos no decorrer da viagem, além de conferir as fotos e os diários de bordo.

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