Alta Roda nº 896/246– 07 /07 /2016
A combinação de turbocompressor e motor de 1 litro é
uma tendência e, tudo indica, vai se expandir. Na realidade, não chega a ser
uma novidade pois o Gol, em 2001, tinha uma versão com esse arranjo que
desenvolvia 112 cv, mais voltada para desempenho do que economia de
combustível. Em julho do ano passado, a Volkswagen lançou o Up! TSI de 1-litro,
três- cilindros, turbo e injeção direta (etanol/gasolina) para buscar
desempenho e, ao mesmo tempo, menor consumo.
Hyundai deu sua resposta em abril último com o HB20. Seu tricilíndrico turbo
também é flex e a potência de 105 cv iguala-se à do Up!, mas perde em torque.
Ao adotar a injeção no duto (na Coreia do Sul a injeção é direta na câmara de
combustão), teve de manter a partida auxiliar a gasolina em dias frios.
Solução harmoniosa entre desempenho e consumo acaba de estrear no Fiesta. Motor
EcoBoost de três cilindros alcança 125 cv e 17,3 kgfm. Em relação ao motor
aspirado de 4 cilindros de 1,6 L (que continua em linha), ao utilizar gasolina,
a potência é igual, mas o EcoBoost ganha não apenas 1,5 kgfm de torque. Sua
curva de torque máximo começa bem antes, às 1.400 rpm, e continua constante até
4.000 rpm. Na prática, é mais rápido que o seu irmão de maior cilindrada em
todas as situações.
Duas características impressionantes são silêncio na marcha-lenta e baixo nível
de vibrações. O compacto da Ford supera nesses quesitos todos os três-cilindros
no mercado, embora ao se acelerar a fundo seja fácil de notar a sonoridade
típica. A fábrica indica aceleração de 0 a 100 km/h em 9,6 s. Sua desvantagem é
ter apenas versão a gasolina. O motor vem da Romênia e a Ford, por ora, não
pretende aumentar a oferta para outros modelos.
No consumo de combustível, como esperado, destaca-se em relação ao motor de 1,6
litro. O EcoBoost faz, de acordo com o fabricante, 10,2 km/l em cidade e 15,3
km/l na estrada. O motor só está disponível na nova versão superequipada
Titanium Plus. Único câmbio, comum nessa faixa de mercado, é o automatizado de
duas embreagens e seis marchas, um pouco mais lento nas trocas do que outros do
mesmo tipo.
Um ponto de discussão é o preço. O Fiesta 2017, nesta versão de topo e motor de
1,6 L, custa R$ 70.690. Inclui equipamentos como chave com sensor de presença,
bancos de couro, rodas de 16 pol., acendimento automático dos faróis, espelho
retrovisor eletrocrômico, sensor de chuva, e ar-condicionado digital.
O EcoBoost vai a R$ 71.990 ou cerca de R$ 1.300 a mais. No entanto, se
beneficia de 4 p.p. a menos de IPI, em relação ao 1,6 L flex, por se tratar de
motor de 1 litro. Uma parte pequena dessa vantagem tributária se perderia, pois
o motor vem do exterior, porém o governo reduziu a taxa de importação, em março
último, no caso de “inexistência de capacidade de produção nacional
equivalente”.
Assim, mesmo ao considerar aumento de custo de um motor turbo, o preço está
dentro dos parâmetros de outros de mesmo nível tecnológico e, em parte, pode
ser compensando pela economia de combustível. Estima-se que 10% dos compradores
do Fiesta optem pelo EcoBoost.
Motores turbo de 3 cilindros devem aparecer em breve no Golf e, provavelmente,
também no Focus. O caminho está aberto.
RODA VIVA
CITROËN Cactus, crossover que utiliza mesma arquitetura do C3, está em
fase final de desenvolvimento. A fábrica não confirma, mas pode ser exibido no
Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro próximo. Modelo nacional será mais
“enfeitado” que o francês. Vendas só em 2017. Já o C4 Lounge argentino receberá
reestilização e novo interior.
FORTE queda do mercado brasileiro inviabiliza modelos de baixo volume de
vendas. No mês passado, estatísticas da Fenabrave apontam Linea, Bravo e Idea
com apenas 79, 58 e 165 unidades vendidas, respectivamente. Ou seja, fim de
linha para os três. Até o Punto, com apenas 510 unidades comercializadas, não
se sustenta, conforme fontes de fornecedores.
TOYOTA investiu no Etios para melhorar seu aspecto interno. Mostrador
central agora tem ótima visibilidade e até se diferencia pelo ponteiro do
conta-giros deixar uma sombra ao se movimentar. Hatch compacto continua a
oferecer motores de 1,3 e 1,5 L que estão mais potentes, têm torque superior e
consumo médio de combustível menor. Estreante câmbio automático de quatro
marchas vai muito bem, até na versão de menor cilindrada.
ETIOS sedã, apenas com motor de 1,5 L, se destaca pelo porta-malas entre
os maiores do segmento. Estilo externo pode não agradar tanto, mas suspensões
são um ponto alto. E o pequeno diâmetro de giro facilita muito manobras de
retorno e estacionamento.
SEMPRE é bom lembrar-se de ligar o ar-condicionado no modo frio, mesmo em
temperaturas baixas de inverno. Esse cuidado evita ressecamento das mangueiras
e ajuda na lubrificação do compressor. Causa algum desconforto, mas bastam 10
minutos de funcionamento de 15 em 15 dias. Termostato não precisa estar na
posição de menor temperatura.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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