Wagner GGonzalez |
“E AGORA, O QUE QUE EU FAÇO?”
Excesso de informação ou falta de perspicácia? A atitude
de Nico Rosberg durante o GP da Inglaterra no último fim de semana levantou
dúvidas sérias sobre uma geração de pilotos cada vez mais dependentes da
tecnologia. Ao notar problemas com a sétima marcha do câmbio do seu Mercedes,
Rosberg mandou mensagem ao box no estilo “E agora, o que que eu faço?”
Ao ser
atendido por sua equipe — proibido pelo Art. 27.1 do regulamento esportivo da
F-1, que diz que o piloto não pode receber nenhuma ajuda — foi penalizado em 10
segundos do seu tempo total de prova e perdeu para o holandês Max Verstappen o
segundo lugar conquistado na pista. A Mercedes disse que vai recorrer da
decisão dos comissários desportivos — um dos quais é o inglês e campeão mundial
de 1992, Nigel Mansell!
A atitude me fez lembrar episódios em que a solução foi
encontrada pelos próprios pilotos sem usar o rádio ou consultar seus
engenheiros. Ao final do GP da Inglaterra (ou GP da Grã-Bretanha para os
puristas de plantão), Nico Rosberg não só viu sua vantagem sobre Lewis Hamilton
cair para um único ponto, como também decepcionou muita gente ao demonstrar ser
incapaz de tomar uma decisão por conta própria. Essa situação caberia como uma
luva para o humor cáustico do saudoso Emilio Comino, peculiar preparador
italiano radicado em São Paulo que chegou a disputar algumas provas nos anos
1960 com um folclórico VW 1200. Quando um piloto queixou-se que o volante do
seu carro vibrava entre 90 km/h e 120 km/h, o italiano não titubeou em
responder:
“Entón anda
abaixo de 90 ou acima de 120!…”
Uma das vitórias que contribuíram para consolidar o
primeiro título mundial de Jim Clark foi conquistada no GP da França de 1963.
Naquela época essa prova era disputada nas estradas de Reims, região mais
conhecida pelo seu principal produto, o único vinho espumante do mundo que pode
ser chamado de champagne. O traçado formado pelas estradas da região era de
alta velocidade média, o que exigia bastante dos motores, como você pode
ver neste vídeo que
registra o percurso usado entre 1953 e 1972. A pole position nas corridas
locais garantia um bom número de garrafas da uma preciosa mescla das uvas,
geralmente Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier.
No GP de 1963, o carro de Clark, um Lotus 25 equipado com
motor Climax FWMV V-8, começou a superaquecer e perder rendimento. Sozinho no
cockpit do pequeno monoposto, o escocês foi capaz de contornar o problema:
perto do final das retas ele cortava a ignição e ao entrar nas curvas fazia o
motor pegar no tranco e, em derrapagem controlada, provocava um movimento
brusco do óleo do cárter, o que criava uma lubrificação forçada. Ao final de
2h10’54”3 Clark recebeu a bandeirada com mais de um minuto de vantagem sobre o sul-africano
Tony Maggs (Cooper- Climax), equivalente a quase meia volta em um traçado que
era completado em torno de 2’23”.
Em 1982 Ayrton Senna venceu uma corrida de F-Ford 2000 em
Snetterton apesar dos freios traseiros do seu Van Diemen RF82 não funcionarem
e, anos mais tarde, em Interlagos, conseguiu vencer o GP do Brasil com um
McLaren MP4/6 Honda mesmo com o câmbio travado em sexta marcha. São episódios
de distintas épocas que colocam em discussão a dependência excessiva que os
pilotos atuais têm dos seus engenheiros.
São também episódios que, por tabela, também questionam a
eficácia da Federação Internacional do Automóvel (FIA), em querer controlar o
teor da comunicação via rádio entre piloto e boxe. Soube-se dias após o GP da
Áustria que a equipe Sahara Force India sabia que o carro de Sérgio Perez tinha
problemas de freio; como não é permitido avisar o piloto de situações como
essa, o mexicano acabou saindo da pista e batendo contra as barreiras de
proteção na penúltima volta da prova.
O problema de Rosberg não foi o único momento
questionável da corrida em Silverstone. Como convém ao típico clima inglês,
choveu antes da largada e o GP começou em pista molhada e os carros andando
atrás do carro de segurança por cerca de 10 minutos. A diferença de velocidade
para os F-1 era tamanha que se podia ver os monopostos andando com uma altura
livre do solo bem superior à normal.
Mais, por pouco não se vê um novo acidente entre dois
Mercedes, desta vez envolvendo os carros de Lewis Hamilton e… o tal “Safety
Car”! Se as precauções continuarem crescendo nesse nível não tardará muito para
instalarem ar-condicionado e limpador de para-brisa num futuro próximo
Se os Mercedes cruzaram a linha de chegada em primeiro e
segundo, a Red Bull mostrou que está superior à Ferrari e acabou herdando o
segundo lugar após a punição aplicada a Rosberg por sua tagarelice ao falar com
o boxe. Veja aqui o resultado completo da prova e do
campeonato. Se Max Verstappen voltou a subir no pódio, desta vez Kimi Räikkönen
e Sebastian Vettel não foram capazes de colorir a briga pelas posições
secundárias ao domínio da Mercedes.
Mesmo que o calendário mal tenha tenha chegado à sua
metade, o anúncio da renovação do contrato com o finlandês, para 2017, e o
alemão andando atrás do seu companheiro de equipe, fazem suspeitar que a
Scuderia já se preocupa mais com o carro do ano que vem, decisão já tornada
pública pela equipe de Vijay Mallya.
Para os brasileiros, mais uma corrida apagada. Felipe
Nasr, é verdade, aproveitou a pista molhada para compensar a falta de
equipamento peculiar da Sauber 2016 e andou forte no início da prova. Felipe
Massa andou entre os dez primeiros, mas uma vez ultrapassado por Vettel, parou
para trocar pneus e acabou fora das posições pontuáveis. O campeonato
prossegue na semana que vem com o GP da Hungria, prova que regularmente
apresenta resultados surpreendentes. Hoje e amanhã várias equipes fazem testes
em Silverstone, sendo que amanhã o brasileiro Sérgio Sette Câmara pilota um
carro da equipe Toro Rosso. Outras novidades são o francês Pierre Gasly (Red
Bull), o italiano Santino Ferrucci (Haas) e o russo Nikita Masepin (Sahara
Force India)
Domínio dos Corvettes DP na IMSA
Uma semana após obter os dois primeiros lugares em
Watkins Glen, a equipe Action Express conquistou outra dobradinha no IMSA
Weather Tech SportsCar Championship. Desta vez a vitória ficou para o Corvette
DP de Eric Curran e Dane Cameron, enquanto e Christian Fittipaldi e João
Barbosa ficaram em segundo na sétima etapa da temporada, disputada domingo em
Clarington, no Canadá. Com esse resultado o brasileiro e o português mantêm a
liderança no campeonato e ficam mais próximo de conseguir o terceiro título na
categoria. O campeonato prossegue dia 7 de agosto em Elkhart Lake.
WG
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