sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Roberto Nasser - De carro por aí

Coluna 0916 - 26.02.2016 - edita@rnasser.com.br
Gol e Voyage, a série Começar de Novo
Volkswagen se aplicou para criar atrativos ao Gol e seu derivado Voyage. O Gol liderou vendas 27 anos, subitamente caiu para 5º lugar na preferência dos consumidores, e tal evidencia provocou necessária intervenção. Supera a mera apresentação de versão atualizada. Questão complexa, lançamentos são a parte visível do grande projeto de adequação interna da empresa aos novos tempos do mercado, um sinal da implantação de um plano de gestão, de recuperação para voltar à liderança em 2018. Daí o Começar de Novo.

Trabalho focou em três áreas de interação com os sentidos do consumidor: visão, tato, sensações corporais - e bolso. Reformulou frente e traseira; mudou  painel e interior dando-lhe trato de veículo de maior porte.

Foi racional, considerando as maiores vendas serem com versões 1.0, aí aplicando o novo, de três cilindros, melhor performance, menor consumo. Manteve o antigo 1,6 e 104 cv, e neste opção de transmissão automatizada. Em todas as versões, freios maiores e pneus verdes, com metade do atrito ante os comuns. E foi agradar a quem não gosta de automóveis, os adeptos da incontida e inexplicável busca por tecnologia interativa, agregando funções de conectividade entre o motorista e o mundo exterior. Chamou as intervenções com rótulo com valor atual, Premium.

Resultado bom, à altura do desafio, fazer uma ponte entre a angústia do momento e a hora de substituir a atual geração do Gol, em 2018. Num resumo, carro para dois públicos – quem gosta de carro e fãs de tecnologia.

Pacote
É junção bem amarrada de providências, marcando o início de atividades da equipe comercial montada com autonomia por David Powels, presidente da empresa, iniciando pelo novo VP de Vendas e Marketing, Jorge Portugal, argentino se expressando em português. Perceptível o entrosamento entre Presidente e Vice comercial, situação não vista há uma década.

Portugal, vendedor nato, motivador, em sua intensa ênfase sobre os produtos, levou-me a imaginar seria o lançamento de Lamborghini desenvolvido pela engenharia da Subaru...

Este foco contempla melhorar a aparência, a percepção e ampliar conteúdo. Numa comparação entre versões Gol e concorrentes, de Ford Ka, GM Ônix, a Hyundai HB, os VW contém mais equipamentos com preço menor. A iniciativa busca outro vetor: motivar a rede revendedora, hoje em boa parte com baixa estamina. Um aspecto forte – como a Coluna antecipou – está na mudança do slogan – sai o Das Auto e entra a assinatura Volkswagen – e numa aproximação com o comprador. Como lembrou Portugal, o Volkswagen no nome indica a ligação com as pessoas.

Na conectividade, adotou duas versões de tela tátil. Pequena, com 12,5 cm Composition Touch e outra com 15 cm, a Discover Media, com efeito espelho para o celular, GPS, leitura de mensagens, e um suporte para fixar e/ou reabastecer o telefone. O sistema ao qual chamam Infotainment – digamos infodiversão -, é o mais completo do país trazendo o topo das novidades mundiais, o App-Connect, compatível com tecnologias Apple, CarPlay, Mirror Link e Android Auto. Comandos num volante de novo desenho, valorizando Gol e Voyage.

Quanto custa
Interessantemente menos ante as versões do modelo ainda em estoque, e abaixo do preço dos concorrentes. É um aviso de ter voltado, competitivamente, às vendas. E da equipe estar una para cumprir o grande projeto de reformulação da empresa, e de re assumir a liderança em 2018.

Versões variadas, de 1.0 sem ar condicionado, a 1,6 com transmissão automatizada, topo da lista, preços entre R$ 31.590 e R$ 58.910.


Mais próximo, o carro anti carro
O carro autônomo, capaz de deixar o motorista lendo jornal, consultando I.Pad ou passando mensagens, enquanto conduzido por ordens de computadores a módulos controladores de motores elétricos, é um dos caminhos ora trilhados pelos fabricantes de veículos. Querem intuir o futuro – e saber se e como estarão nele.

Parece ficção científica, mas está a caminho de factibilidade, aperfeiçoando sistemas já existentes, mecânicos e eletrônicos.

A todos, entretanto, levantava-se barreira legal, questão de responsabilidade civil: a quem atribuir o ônus e as penas em casos de acidentes com danos?

A Daimler, fabricante dos caminhões Mercedes, dedicou-se intensamente à parte técnica e ao lobby, obtendo licença para testá-los em rotas de trabalho, primeiro passo à liberação geral – assisti a uma das provas e fiquei convencido do fim breve da relativa importância do operador. Este estava sentado no banco de condução, sem acionar os comandos, apenas por questão legal. Ordens externas colocavam o caminhão na estrada, aumentava e diminuía a velocidade, ultrapassava, chegava ao destino – sem intervenção humana.

A mágica eletrônica aplicada aos veículos abriu novo caminho aos fabricantes de itens de informática e comunicações, construir veículos e, ante a possibilidade de concorrência entre o pessoal do chip e os fabricantes dos veículos convencionais, o mundo do automóvel parecia estar bem definido: ou os carros seriam desenvolvidos e construídos em conjunto, por fabricantes de automóveis e de tecnologia eletrônica, ou a parte carro seria produzida sob encomenda e fornecida ao pessoal dos computadores.

Tudo mudou: o governo dos EUA por sua agência NTHSA modificou o entendimento jurídico, passando a considerar o robô, ou o sistema eletrônico, a inteligência artificial da Google controladora do veículo, como agente na relação jurídica. Como pertencerá a um terceiro, pessoa física ou jurídica, a este e à sua seguradora caberão os ônus dos danos.
Imediatamente a Google publicou anúncio buscando engenheiros da mobilidade, controle, robótica, sensores, manufatura, operações, materiais e marketing. Fabricará seus próprios carros.

Mundo muda. O automóvel expressão da liberdade individual no Século XX, será um tablet sobre 4 pneus, insosso, inodoro, comandado por distante e desconhecido computador. Emocionante como vagão particular de metrô.

Acarajé, Lava Jato e um curioso Alfa
Prisão do lobista polonês Zwi Skornicki, envolvido no assalto partidário à Petrobrás e preso na Operação Acarajé, ramo da Lava Jato, levou à apreensão de obras de arte bi e tridimensionais. Estas, automóveis antigos.

A olhos de colecionadores, a relação dos veículos é uma juntada sem foco ou direção por origem, marca, morfologia. Entretanto, a olhos policiais haverá curiosa evidência. Por exemplo, o mítico Alfa Romeo Spider criado pela Casa Pininfarina, é uma das carrocerias mais longevas do mundo. Exemplar apreendido, vermelho, com placas pretas, rotulando Veículos de Coleção, tem a combinação alfa numérica CTS 5459. Na base de dados do Sinesp Cidadão tal licenciamento descreve-o como sendo automóvel da marca, mesmo modelo, produzido em 1971.

Discrepa. Fisicamente é Alfa Spider, vermelho, porém não é de 1971. É bem mais novo, de 1985 ou 1986.

Raciocínio simplório pode sugerir tal divergência ter como origem automóvel entrado irregularmente no país, e documentado com dados de algum outro Alfa defunto, cedente da placa. Merece um aclaramento pela Polícia Federal.

O desencontro, se verdadeiro e caracterizado como crime fiscal e administrativo, também indica imperfeição pelo clube que lhe expediu o Certificado de Originalidade para reconhecê-lo como Veículo de Coleção. Novo crime pode estender as férias forçadas do lobista polonês, atualmente na PF do Paraná.

Roda-a-Roda
Enfim – O Alfa Romeo Giulia, versão Quadrifoglio – a de topo – e poderoso motor V6 com base Ferrari e 510 cv, iniciou ser produzido. Pré-série, à base de 30 unidades/dia.

Então - Aos 14 de março espera-se ter encerrada a fase de ajustes em produto, linha, equipamentos, métodos, deflagrando produção normal, destinada aos concessionários. Aparentemente resolvidos os problemas de resistência estrutural nos testes de impacto.

Mais – Ordem foi de Sergio Marchionne, capo geral, em visita à italiana fábrica de Cassino – a primeira automatizada da Fiat -, onde anunciou a versão de maior produção, com motor L4, turbo e 276 cv – o mesmo do esportivo 4C.

Mais ou menos - Maserati distribuiu fotos do Levante, primeiro crossover esportivo nos 100 anos da marca. Produção em Mirafiori, Turim, após disputa interna na FCA barrando a pretensão de também fazê-lo nos EUA para atender ao NAFTA. Por bom convívio optou fomentar empregos na Itália natal.

Crença – Bota fé na estrutura, dispensando armação nos vidros das janelas; vidro traseiro lembrando as ousadias do carrozziere Zagato; faróis separados, facho alto agregado à grade frontal. Suspensão a ar, controle eletrônico.

Alfa - Estrutura e parte da carroceria permitirão gerar produto assemelhado para a Alfa Romeo. Tomara seja melhor resolvido. O Levante é uma misturada de escolas estilísticas, sem realçar a italianidade de seu design.

Globalização – Em seu esforço de tornar-se marca mundial, Jaguar Land Rover produzirá o sedã Jaguar XE na Índia. Em expansão mundial faz fábricas na China, Brasil e Eslováquia. Aqui serão Land Rover Evoque e Sport.

Mundo – Primeiro trabalho da casa Pininfarina para nova controladora, a indiana Mahindra, é dito Aero, um XUV. Sigla, mais uma, indica misto de cupê de três portas, um crossover, e de SUV.

Cartão - Pode ser o produto de apresentação mundial da marca. Hoje, no exterior, Mahindra vende picapes e tratores esteticamente descompromissados.
Expansão – Mahindra adquiriu a coreana SsangYang, e divisão de ciclomotores Peugeot. Compra da Pininfarina é passaporte para o projeto.

Inspiração – Observando os resultados da tecnologia Smart Parking, de estacionar veículos sem participação dos motoristas, Nissan aplicou-a a escritórios, para evitar o trabalho de recolocar cadeira por cadeira em seus lugares ao final do expediente. O sistema memoriza local original, e apenas um bater de palmas faz estacionar em sua vaga. Curioso? Aqui: https://www.youtube.com/watch?v=O1D07dTILH0

OO7 – Admiração e interesse pelo Aston Martin DB10 utilizado pelo agente James Bond no recente filme Spectre, levou produtores a mudar relação com automóveis. Antes trambolhos abandonados em estúdios cinematográficos, como ocorreu com o DB5 utilizado no filme Goldfinger, levaram o DB10 a leilão.

Mais - Quase dobrou a avaliação inicial, arranhando 2,5M de libras, uns R$ 13,6M. No embalo venderam também a fantasia usada por Daniel Craig na abertura do filme por quase 100 mil libras – R$ 552 mil. Perdeu? Não se amofine. Foi feita dezena de unidades do DB10 para o filme. Serão leiloadas.

Confusão – Promotores de Justiça em Stuttgart, Alemanha, pediram a prisão de Wendelin Wiedeking, e de Holger Haerter, respectivamente exs CEO e Diretor Financeiro da Porsche. Razão, em 2008 manipularam dados na tentativa frustrada pela Porsche, menor, comprar a Volkswagen, de valor muito superior.
Mais - Governo estadual quer prisão e pagamento de multa em 4,4M e de 8,07M Euros – respectivos R$ 19,4 e 35M pela holding Porsche SE, hoje maior acionista da VW. Duas empresas são da mesma família.

Pé no freio – Ante queda do mercado nacional de automóveis no Brasil, e rápidos e bons resultados econômicos cravados pela Argentina, Dan Ammann, presidente mundial da General Motors, declarou ao Estado de S Paulo, aguardar de 6 a 12 meses por avanços políticos e econômicos para manter, ou não, seu plano de investimentos.

$ - Em 2014 Ammann e sua superior Mary Barra, CEO da empresa, anunciaram à Presidente Dilma investir US$ 2,8B – R$ 11,2B para nova geração de carros pequenos no Mercosul. Inconsistência política e econômica alarma investidores.
Muda – Fim de março VW apresentará novo picape Saveiro. Muda tudo, frente, traseira, largura, altura livre do solo. Quer se distanciar da aparência do Gol e adotar aparência aventureira. Terá dois motores 1,6 litro, antigo e novo.

Solução - JR Diesel, maior desmanchadora da América Latina, organizou-se, comprando veículos em leilões de seguradoras, desmontando-os, etiquetando peças com código de barras para dar segurança de procedência. Cresceu 12% em 2015 ante a verdade de a peça seminova custar metade do preço da nova.

Dureza – Situação econômica faz reduzir venda de veículos novos, mas em compensação inflou a demanda por peças usadas e semi novas – pouco usadas -, prevendo crescimento constante.


Gente – Gilberto dos Santos, jornalista, assessor de imprensa da Volkswagen, tempo. OOOO Deixa-la-á final de março, período sabático e após voltará ao mercado com talento, credibilidade, amplo relacionamento e experiência. OOOO Rafael Barros, jornalista, ascensão. OOOO Sairá da Printerpress, prestadora de serviços à Toyota, integrando-se ao time da grande empresa. OOOO Faz parte do projeto e da faxina interna para torná-la ativa na área de relacionamento com a imprensa após anos cinzentos em resultados, brilhantes em incompetência. OOOO

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