segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AR COMPRIMIDO MOSTRA SUA FORÇA - Por: Fernando Calmon


Veículos híbridos tendem a avançar por ser o meio-termo viável entre motores a combustão e puramente elétricos. Suas vantagens principais são custo menor e redução de emissões tóxicas (CO, HC e Nox) ou não (CO2, o gás carbônico). Maior eficiência se dá em cidade, onde o consumo de combustível é alto.Há vários graus de hibridização: micro (desliga-liga), média (alternador reversível), total com bateria (série, paralelo e combinado) e total plugável em tomada. Agora, existe uma sétima opção, baseada em tecnologia conhecida e aplicada, de modo tímido, em veículos pesados de uso intensivo no para-e-anda.

Batizado de Hybrid Air, é aposta da PSA Peugeot Citroën para 2016/17. Na realidade combina motor a combustão tradicional, caixa de câmbio automática de variação contínua e sistema hidropneumático. Este se compõe de motor hidráulico (reversível em bomba) e dois reservatórios de ar de alta pressão (250 bar) e baixa pressão.Funcionamento do híbrido-ar não é tão simples de explicar. O motor hidráulico pressuriza em 10 segundos o reservatório de ar, que faz o papel de armazenador de energia. Quando o motorista pisa no acelerador para tirar o carro da inércia, o ar liberado empurra o fluido na caixa de câmbio e o carro se movimenta, sem utilizar combustível, por 300 a 500 metros.

Simples ato de tirar o pé do acelerador e frear, no trânsito pesado do dia a dia, implica transformar energia cinética em hidráulica, que volta a acumular ar no reservatório. Assim, se supera a situação em que o motor a combustão é menos eficiente: ao arrancar. No ciclo urbano europeu de aferição, economia pode chegar a 45%. Quando a velocidade aumenta, o sistema a ar, cujo motor hidráulico gera 40 cv, pode atuar de modo simultâneo. Nas acelerações vigorosas, como qualquer híbrido, funciona apenas o motor a combustão – no caso a gasolina, afinado para baixo consumo – que também ajuda na pressurização.Administração dos três modos de funcionamento (a ar, a combustão e simultâneo) é feita de forma eletrônica, sem interferência do motorista.

Cálculos iniciais apontam que a autonomia média (cidade, estrada e misto) pode chegar a 34 km/l e emissão de apenas 60 g/km de CO2. Como referência, a média obrigatória da frota de veículos leves europeia, em 2020, será de 95 g/km de CO2 (em 2015, 130 g/km). Imposto é menor para modelos abaixo da meta e maior se estiver acima. Para relembrar, não existe meio de controlar o gás carbônico sem reduzir o consumo de combustíveis fósseis (gasolina, diesel e gás). No caso de biocombustíveis, como etanol, há compensação de CO2 durante crescimento das plantações.Além de fácil de instalar em veículos compactos e médios, sem complicações de peso, volume e reciclagem das baterias, o híbrido-ar pode ser produzido a custos razoáveis em qualquer parte do mundo. Depois de desenvolvido, o grupo francês deverá fabricá-lo também no Brasil com motor flexível etanol-gasolina.

Entretanto, ainda existem céticos sobre a viabilidade do projeto, que inclui parceiros de peso como Bosch e Faurecia. Há dúvidas sobre o preço final, apesar de o motorista ganhar câmbio automático nesse pacote. Exige ainda investimentos para redução de ruídos gerados pelo processo de pressurização.

PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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Um comentário:

  1. Muito mais interessante que os híbridos com carase não ecológicas baterias. Não adianta termos carros com poucas emissões se eles são danosos ao meio ambiente na hora de se fabricar ou reciclar.

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