Por
Fernando Calmon
Até que
ponto o futuro pode ser utópico? Nada como discutir com especialistas. Foi a
intenção da Daimler ao reunir em Berlim, capital da Alemanha, professores e
técnicos para vislumbrar cidades. Futurologistas e visionários concordam sobre mudanças
comportamentais dos cidadãos. Aos fabricantes de veículos restarão desafios e
oportunidades.
Entre cenários
possíveis, elegeram-se quatro. Não houve preocupação de apontar o mais viável,
embora exista algum desconforto na sociedade atual sobre a falta de direção
clara a seguir. As opções são tentativas de adivinhar o porvir, em simbiose
entre criatividade e utopia. Também consideraram o que, no passado, se pensava
ser o melhor no futuro e não se concretizou.
Abordagem
filantrópica e holística com objetivo de a tecnologia criar outros benefícios à
comunidade. Carros transportam pessoas e bens, de modo confortável e
conveniente, mas o que oferecem enquanto estão estacionados?
Automóveis acumularão
cada vez mais informações dos arredores de onde circulam ou param. Serão como
robôs e terão inteligência própria para agir. Qualquer veículo em uma vaga de
rua poderia sinalizar o local de travessia segura, Iluminar calçadas ou indicar
direção a seguir, se alguém estivesse perdido. Laterais dos carros
transformadas em painéis informativos poderiam funcionar como mapas ou servir de
vitrine eletrônica para escolha e compra de produtos.
Cruzamentos
nunca provocariam acidentes em razão da troca de informações contínuas entre
veículos totalmente interconectados, 24 horas por dia, sete dias por semana, por
qualquer lugar que circulassem.
Dupla utilização
Carros podem
ter uso privado ou público. Ser todo seu: para rir, chorar, ouvir música a todo
volume, ficar do seu jeito. Já um automóvel de aluguel é totalmente limpo e
desprovido de quaisquer sinais, após cada jornada. Mas poderia gerar renda
extra ao dono, se convertido para uso compartilhado ou táxi robotizado. E, no
dia seguinte, reconfigurado à sua forma original.
Revolução da
mobilidade
Cidades do
futuro não estariam mais divididas em áreas residenciais, de trabalho, compras
ou lazer. Tais funções seriam trocadas por requerimentos de mobilidade. Anéis
internos, de baixa velocidade, receberiam lojas alcançáveis a pé ou por meio de
modelos individuais supercompactos, se fosse preciso fazer compras volumosas.
Anéis
externos, mais rápidos, ligariam estes pequenos centros para que as facilidades
das cidades grandes continuem acessíveis. Assim, os veículos seriam enormes e
fariam as vezes de escritórios móveis. Ar e luz ficariam reservados para
tráfego de pessoas na superfície e toda a carga viajaria pelo subsolo.
Veículos e
prédios têm muito em comum: dependem de energia e serviços desde sua
construção, uso e reciclagem. Carros e edifícios precisam de aquecimento e
refrigeração. No futuro, com muitos veículos elétricos, se evitariam funções
duplicadas.
O carro
acumula energia ao rodar e pode sobrar capacidade de aquecimento a ser “doada”
a uma edificação. Esta, por sua vez, utilizaria energia ociosa à noite para recarregar
as baterias do veículo.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado
desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de
mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística
semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85
jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto
(Inglaterra).
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