Alta Roda nº 923/273 – 12 /01 /2017
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Em ano tão difícil como o de 2016, as preferências do
consumidor não mudaram tanto. Continuou a forte aceitação de utilitários
esporte compactos: cresceram 7% em um mercado que recuou 19%. A maior surpresa
aconteceu entre picapes médias. A Toro, enquadrada por carregar até uma
tonelada, além de garantir liderança, foi a principal razão desse segmento ter
subido nada menos de 21% sobre 2015.
Compactos hatches e sedãs continuam a liderar com folga a preferência dos
brasileiros. Venderam-se no ano passado 1.128.309 unidades, correspondentes a
57% do total. No entanto, os SUVs divididos por essa Coluna em quatro
subsegmentos responderam juntos por 14%, um resultado anos atrás quase
impensável. Para se ter ideia, todos os demais segmentos de automóveis reunidos
(incluindo stations, monovolumes e crossovers) representaram 10% do total
comercializado.
Destaques para os Mercedes-Benz liderando as três divisões em que competiu com
BMW, Audi e outros. Também impressionou a posição inabalada do Corolla e o
Compass, em segundo lugar, com pouco mais de um mês de vendas em 2016.
Classificação da Coluna soma hatches e sedãs da mesma família,
independentemente do nome do modelo. Sedãs com entre-eixos de significativa
diferença classificam-se à parte (Grand Siena, Logan, Etios e outros). Base é o
Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). Citados apenas os modelos
mais representativos e pela importância do segmento. Compilação de Paulo
Garbossa, da consultoria ADK.
Compacto: Onix/Prisma, 19%; HB20 hatch/sedã, 15%; Ka hatch/sedã, 9%;
Gol/Voyage, 7%; Palio/Fire/Siena, 6%; Sandero, 5,6%; Fox, 3,9%; up!, 3,4%;
Etios hatch, 3,3%; Uno, 3%; Etios sedã, 2,64%; Grand Siena, 2,6%; Mobi, 2,5%;
Logan, 2,1%; Cobalt, 2%; Versa, 1,9%; Fiesta hatch/sedã, 1,7%; March, 1,6%; City,
1,4%; C3/DS3, 1%. Dupla Onix/Prisma consolida-se.
Médio-compacto: Corolla, 39%; Civic, 13%; Cruze hatch/sedã, 9,5%;
Golf/Jetta, 9%; Focus hatch/sedã, 7%; Sentra, 4%; Fluence, 3%; Corolla
inabalado.
Médio-grande: Mercedes Classe C, 29%; BMW Séries 3/4, 26%; Fusion, 25%.
Classe C é novo líder.
Grande: Mercedes Classe E/CLS, 35%; Audi A6/S6/RS6, 21,6%; BMW Série 5/6,
21,3%. Mercedes mantém posição.
Topo: Mercedes Classe S, 46%; BMW Série 7, 17%; A8, 15%. Líder recua só um
pouco.
Esportivo: Camaro 39%; TT, 34%; WRX, 12%. Camaro segurou a ponta.
Esporte: 718 Boxster/Cayman, 31%; 911, 30%; BMW Z4, 14%. Equilíbrio
alemão.
Station: Weekend, 65%; SpaceFox, 22%; Golf Variant, 9%. Weekend sem
adversárias.
SUV compacto: HR-V, 28%; Renegade, 26%; EcoSport, 14%. Liderança bem
disputada.
SUV médio-compacto: ix35/Tucson, 37%; Compass, 11%; Outlander, 8%.
Resultado vai mudar.
SUV médio-grande: SW4, 54%; Pajero Full/Dakar, 12%; XC60, 9%. Líder sem
ameaças.
SUV grande: Trailblazer, 26%; BMW X5/X6, 14%; Range Rover Sport/Vogue,
10%. Com mais folga.
Monovolume pequeno: Fit, 45%; Spin, 36%; C3 Aircross, 12%. Sem surpresas.
Crossover: ASX, 58%; Range Rover Evoque, 24%; Freemont/Journey, 16%.
Consolidação na ponta.
Picape pequena: Strada, 49%; Saveiro, 28%; Montana, 12%. Strada imbatível.
Picape média: Toro, 29%; Hilux, 24%; S10, 19%. Novo líder já esperado.
RODA VIVA
APESAR de vendas de automóveis e comerciais leves e pesados no último mês
do ano passado terem sido animadoras (as melhores de 2016), a quarta queda
anual consecutiva trouxe frustrações. Afinal, os números foram bem inferiores
ao projetado no fim de 2015. Exportações conseguiram se destacar: subiram 25%
em volume, porém apenas 1,6% em dólares.
PARA este ano, Anfavea fez previsões conservadoras em razão da
instabilidade mais política do que econômica. A entidade, entretanto, aponta
números positivos para 2017: 12%, produção; 4%, mercado interno e 7%, vendas ao
exterior. Ano de 2016 terminou com apenas 26 dias de estoques totais (abaixo do
normal), em parte por efeito estatístico.
CRUCIAL para o futuro da indústria as diretrizes setoriais de médio e
longo prazos a serem anunciadas pelo governo federal no segundo semestre.
Talvez o programa nem se chame Inovar-Auto II, mas exige consistência, foco em
inovação, competitividade e eficiência energética.
VOLKSWAGEN espera recuperar-se do seu pior ano no Brasil: perdeu 45 dias
de produção em um contencioso com o grupo Prevent (fornecedor de bancos). Em
2017 terá ofensiva de lançamentos como up! retocado e novo Tiguan. Maior aposta
é no Gol, com mesma arquitetura do novo Polo (estreia na Europa, agora em
março). Empresa nega, mas fontes da Coluna indicam início da produção no
segundo semestre.
NADA fácil para o Citroën C4 Lounge concorrer no segmento tão povoado como
os médio-compactos, em que marcas japonesas imperam. Mas o modelo argentino se
ajustou ao longo do tempo, em particular no acabamento geral e nos equipamentos
de série incluído sistema multimídia. Motor 1,6 turboflex e câmbio automático
de seis marchas são os destaques.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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