Alta Roda nº 915/265 – 17 /11 /2016
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Fernando Calmon |
O Salão do Automóvel de São Paulo, que vai até o próximo
dia 20, será marcado não apenas pelas novas instalações amplas, modernas e pelo
conforto do ar-condicionado (apenas nos primeiros dois dias, para imprensa,
houve pane). É uma das edições com maior número de lançamentos, reestilizações,
exercícios de criatividade e marcação de tendências. Houve um esforço dos
expositores em levantar o moral dos compradores abatidos pela situação
política, econômica e do desemprego no País. A mensagem subliminar era que o
pior já passou e chegou a hora de levantar a cabeça.
Entre os modelos de grande série, destaque para o primeiro SUV compacto da
Hyundai. A produção do Creta, em Piracicaba (SP), já começou (vendas, em
janeiro de 2017). Surpreendeu pelo espaço interno, pois sua base estrutural é a
do médio-compacto Elantra. A sul-coreana não revelou pormenores mecânicos do
modelo nem faixa de preço. O novo Renault Captur (produto refinado, a partir do
Duster) e os Chevrolet Tracker (repaginado) e Cruze hatch ainda não tinham sido
exibidos ao público.
Também houve uma das raras estreias mundiais da história desta exposição
bienal. O Honda WR-V, desenhado no Brasil na plataforma do Fit, é um crossover
cuja distância entre eixos é 2,5 cm maior que a do monovolume compacto. O
fabricante escondeu o interior e outras características até o lançamento entre
março e abril próximos.
Kwid, o inteiramente novo compacto de teto alto da Renault, pôde ser analisado
por dentro e por fora. Previsto para chegar no primeiro semestre de 2017, terá
motor de 1 litro e três cilindros da geração SCe, que estreia em dezembro no
Logan e Sandero. Para estes estará disponível um novo quatro-cilindros de 1,6
litro-16V.
Nova picape média Nissan Frontier é outro lançamento que chega primeiro do México
em março com tudo novo, inclusive motor. Surpresa, a picape conceitual Hyundai
STC, desenhada na Coreia do Sul e no Brasil, tem porte da Strada e Saveiro de
cabine dupla. A fábrica desconversou, mas é certa sua produção.
A Volkswagen disfarçou na forma de conversível conceitual, T-Cross Breeze, as
linhas que adotará no seu primeiro crossover compacto. É o segundo produto,
depois do novo Gol em 2018, com a mesma arquitetura do novo Polo alemão a
estrear na Europa no próximo ano. Depois virão Saveiro e Voyage.
De modo geral chamou atenção a criatividade dos estúdios de desenho que várias
marcas instalaram no Brasil. A própria VW com a releitura moderna do Gol GT,
além de Citroën (C3 City Ryder), Peugeot (208 Pyrit), Nissan (March Midnight),
Renault (Duster Extreme) e Ford (Ka Trail), entre outras.
O Levante, primeiro SUV da Maserati que estreou no Salão de Genebra em março
deste ano, demonstra que, à exceção da Ferrari, essa onda não para de crescer.
A Kia não exibiu o esperado compacto Rio, cuja produção começa agora no México,
focando seus holofotes no Cerato.
BMW X2 voou direto do Salão de Paris para os 90.000 m² do São Paulo Expo. Em
forma de modelo-conceito, o crossover igualmente impressionou o público. Reúne
as condições de se tornar o sétimo modelo do grupo alemão feito no País a
partir de 2018.
RODA VIVA
FIAT continua a enxugar sua linha de produtos no Brasil. Parte pela queda
de mercado que inviabiliza a continuidade de modelos com vendas baixas e outra
como reflexo das exigências de motores com maior eficiência energética.
Freemont não é mais importado e o Punto para de ser produzido em janeiro. Mas
haverá estoques para vendas por até seis meses.
JUNHO de 2017 marcará a chegada do substituto do Punto, novo representante
entre os compactos de faixa mais alta de preço produzido em Betim (MG). Nome
está sob sigilo, mesmo porque também tomará o lugar do descontinuado Bravo.
Versão sedã será feita na Argentina, mas é improvável estrear no próximo ano.
Por lá o projeto está um pouco atrasado.
PASSAT, importado da Alemanha, fica pouco a dever em relação a modelos
premium do segmento de médios-grandes. O preço, de fato, não ajuda, mas o carro
passa sensação de alta solidez, tem câmbio automatizado de duas embreagens de
funcionamento rápido, mas suave nas trocas e motor elástico com sonoridade
instigante. Quadro de instrumentos é 100% digital.
NOTÍCIA ruim nesses tempos difíceis. Governo paulista aumentou de forma
indireta o ICMS na venda de veículos usados, único segmento a mostrar
resistência em meio ao desânimo. A partir de fevereiro, numa operação de R$
50.000, como referência, o imposto sobe de R$ 450 para R$ 900. Outros Estados,
ávidos por receitas, podem seguir o (mau) exemplo.
DISPUTAS acirradas entre 36 equipes de 22 universidades de vários Estados
marcaram os três dias da primeira Shell Eco-Marathon realizada no Brasil. Os
vencedores no kartódromo da Granja Viana, na Grande São Paulo, conseguiram
ótimas marcas: categoria gasolina (equipe Pé Vermelho), 190,2 km/l; etanol
(Feng Eco Racing), 102,9 km/l; elétrico (EcoVeículo), 139,4 km/kWh.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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