Wagner Gonzalez |
MAX, MASSA E PNEUS…
GP do Brasil marcado por chuva consagrou Max Verstappen,
aplaudiu Felipe Massa e teve outra pérola de Kimi Räikkönen.
Em uma prova que teve duas interrupções, o público
presente ao GP do
Brasil vaiou o safety-car,
consagrou Max Verstappen e o box inteiro aplaudiu Felipe Massa. Kimi Räikkönen,
conhecido por seu poder de síntese, declarou após bater na reta dos boxes: “Os
pneus de 10 anos atrás eram melhores”
Não foi a primeira vez que choveu em Interlagos, tampouco
foi o primeiro GP disputado em pista molhada. Dito isso, por que o problema de
aquaplanagem persiste e, segundo Kimi Räikkönen , “os pneus de dez anos atrás
eram melhores”? Difícil apontar o dedo para uma única causa: os carros
evoluíram, a velocidade média por volta aumentou quase que exponencialmente,
tal qual as exigências de segurança e outras necessidades menos explícitas. Não
tivesse Max Verstappen dado o show que deu, tudo estaria resolvido; o
desempenho do jovem holandês, porém, mostrou que é possível descobrir que o
limite está um pouco mais adiante e que há espaço para emoção no mundo da F-1.
Leia a declaração do finlandês domingo à tarde, no paddock de Interlagos:
“Os pneus de chuva mais intensa (full wet) aquaplanam com
facilidade. Nós já falamos isso uma porção de vezes, mas isso obviamente
depende do circuito e várias outras coisas. Se eu comparar com o que tínhamos
10, 12 anos atrás, os pneus aguentariam a chuva que tivemos (em Interlagos). A
aquaplanagem é o pior problema, basta uma pequena poça e a gente fica com zero
grip.”
Tal declaração expõe a posição até certo ponto submissa
adotada pela Pirelli em função de argumentos que certamente incluem os de ordem
mercadológica, da mesma forma valorizam a atuação de Max Verstappen. O holandês
mostrou habilidade rara para controlar seu carro em várias situações,
particularmente quando ficou atravessado na
saída da curva do Café e manteve o controle do carro com destreza raras vezes
vista na categoria. Foi uma manobra que garantiu a visa de entrada no reino dos
heróis, com direito a ouvir a ovação das arquibancadas:
“Eu consegui ouvir a gritaria dos fãs quando meu
engenheiro me chamou pelo rádio. Quero agradecer a essa galera pelo apoio.
Quando cruzei a linha de chegada (em terceiro lugar) a sensação era de vitória,
quase igual ao que senti quando recebi a bandeirada em Barcelona.”
Para Felipe Massa a bandeirada de vitória era algo fora
dos planos para sua última apresentação no GP do Brasil de F-1, mas nem por
isso a emoção que ele sentiu foi menor que aquela vivida por Verstappen.
Massa
completava uma volta na qual seu carro já não estava nas melhores condições
quando escapou feio e foi de encontro ao muro da curva do Café e bateu forte no
guard-rail do lado oposto. Os longos segundos necessários para colocar a
respiração em ritmo normal e ficar seguro de que podia descer do carro sem
maiores riscos anteciparam uma caminhada que vai durar até o final de sua vida:
mecânicos da Mercedes, da Ferrari e da Williams perfilaram-se diante de seus
boxes, em plena corrida, para aplaudir o brasileiro. Quem sabe uma coincidência
que registra as marcas que ele vai representar, representou e representa…
Criticado por quem acredita que alguém só tem valor se
vence e está sempre entre os primeiros de toda e qualquer coisa, Felipe Massa
pode sair de cabeça erguida da F-1 e seguir assim como profissional e ser
humano. Sempre educado e disponível para apoiar e ajudar quem se aproxime, é um
dos maiores vencedores da Scuderia, onde competiu ao lado de nomes como
Räikkönen e Alonso. Consciente que é preciso apoiar quem começa no esporte que
o consagrou, investiu nome e recursos para criar uma categoria de base, projeto
que poderia ter gerado resultados mais profundos caso a ineficiente
Confederação Brasileira de Automobilismo não vivesse em perene letargia e
inoperância.
Outro crédito de Massa vem do seu bate-papo durante o
desfile dos pilotos, horas antes da prova de Interlagos. Lado a lado com Felipe
Nasr, ele incentivou o jovem brasiliense a não se render às dificuldades
vividas nesta temporada e acreditar em seu potencial.
Deu certo: com uma
pequena ajuda da meteorologia e uma dose de concentração das mais altas para um
piloto jovem, Nasr soube levar seu carro até o fim entre os dez primeiros —
chegou a andar em sexto por várias voltas — até receber a bandeirada em
9ºlugar. Posição equivalente a dois pontos no Campeonato de Pilotos e resultado
que pode garantir à Sauber o décimo lugar entre os Construtores, uma ajuda de
custo que pode chegar a cerca de US$ 50 milhões de bônus. Inesperado resultado
muito bem-vindo ao anêmico caixa da equipe suíça e ao brasileiro, que ganha
fôlego para se manter na categoria no ano que vem.
O resultado do GP do Brasil, que você encontra aqui, mostrou a sétima dobradinha da
equipe Mercedes nesta temporada e a 62a vitória
de Lewis Hamilton, combinação de resultados que adiou a decisão do título para
o GP de Abu Dhabi, dentro de duas semanas. Para sagrar-se, finalmente, campeão,
Rosberg (367 pontos) precisa chegar em terceiro nessa corrida; já Hamilton
(355) sonha com a vitória e o alemão classificado no máximo em quarto luga
Se no Brasil as propostas de categorias de base
engatinham e seus promotores procuram consolidar seus projetos na base do
esforço individual, na Argentina os organizadores da categoria Fórmula Renault
2.0, os mesmos que promovem a TC 2000 e a Super TC 2000, selecionaram 31 jovens
pilotos locais para um treino gratuito visando sua adaptação a esses
monopostos. É a segunda rodada desse programa, que facilita a evolução de
jovens valores e garante a renovação e sustentação de todo modelo econômico de
um automobilismo dos mais tradicionais e criativos do mundo.
Buemi continua com carga total
O suíço Sebastien Buemi repetiu o resultado de Hong Kong
e venceu a segunda etapa do Campeonato Mundial de F-E, a categoria de
monopostos elétricos, disputada sábado em Marrakesh, no Marrocos. Com esse
resultado ele soma 50 pontos, contra 285 do segundo colocado, Lucas Di Grassi e
24 do francês Nico Prost, quarto colocado nessa prova, à frente do brasileiro.
O pódio foi completado por Sam Bird e Felix Rosenqvist, que largou na pole
position. Entre as equipes a Renault e.DAMS lidera com 47 pontos, contra 36 da
ABT Schaeffler Audi e Mahindra Racing.
WG
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