terça-feira, 1 de novembro de 2016

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez
 GP DO MÉXICO: MUITOS PESOS E MUITAS MEDIDAS



Grande Prêmio do México teve lista tríplice para definir o terceiro lugar. Hamilton venceu e Rosberg, segundo, segue líder do campeonato após corrida decidida com vários pesos e várias medidas.


O resultado do GP do México, a antepenúltima etapa da temporada 2016 da F-1, já entrou para o folclore da categoria e não foi apenas por causa das manobras discutíveis de Max Verstappen e Sebastian Vettel. Os comissários desportivos da FIA certamente erraram mais do que os próprios pilotos e usaram pesos e medidas diferentes para punir ou inocentar quem saiu da pista e manteve a posição, particularmente Lewis Hamilton e Nico Rosberg.  Os dois pilotos da Mercedes saíram da pista logo na primeira curva, um “S” direita-esquerda-direita, como você pode ver aqui: o inglês porque perdeu o ponto de freada e inaugurou uma via expressa entre o início e o final do trecho em questão; o alemão saiu da pista empurrado por Max Verstappen.

O caso de Hamilton sequer foi levado em consideração, enquanto no outro os comissários Garry Connelly, Silvia Bellot, Danny Sullivan e Jorge Rodriguez entenderam que nem Rosberg nem Verstappen poderiam ser considerados total ou parcialmente culpados pelo incidente. Nesse mesmo vídeo é possível ver o acidente provocado por Estebán Gutiérrez, que ao tocar no carro de Esteban Ocón provocou uma colisão do francês contra o do sueco Marcus Ericsson. Igualmente, foi julgado que “nenhum piloto poderia ser considerado total ou parcialmente culpado pelo incidente”.

A série de discussões sobre toques e batidas em disputas de freadas ou ultrapassagens tem ganho protagonismo nesta temporada, cortesia do estilo arrojado de Max Verstappen. Dentro do clima atual o antológico GP da França de 1979 jamais terminaria sem desclassificações ou punições. Pouca gente se lembra que essa prova marcou a primeira vitória de Jean-Pierre Jabouille e de um Renault turbo, mas quase todos lembram da eletrizante batalha entre Gilles Villeneuve e René Arnoux, que bateram rodas várias vezes nas últimas voltas da corrida disputada em Dijon-Prenois.

O lado negro da força dos regulamentos esportivos atuais é que sua aplicação se dá em 50 tons de cinza e dentro de um contexto onde o politicamente correto dita a moda de quem é mocinho e quem é bandido. Nomes como Jody Scheckter, Riccardo Patrese, Ayrton Senna, Michael Schumacher e, mais recentemente, Sebastian Vettel e Romain Grosjean causaram episódios que terminaram em circunstâncias nem sempre isentas de trabalhos de funilaria e pintura, alguns desses trabalhos demandando empenhos braçais e econômicos em grau considerável. O fator recorrente nessa história é a renovação necessária de pilotos e aqui entra a questão do milhão de dólares: porque os métodos de trabalho dos comissários esportivos não evoluem na mesma proporção. É necessário evitar que se repita o que aconteceu após a bandeirada do GP do México.

As voltas finais da corrida mostraram uma bela disputa pelo terceiro lugar, com Verstappen se defendendo dos ataques de Vettel, que por sua vez via o carro de Daniel Ricciardo cada vez mais nítido nos retrovisores do seu Ferrari. Já famoso por sua relutância em permitir uma ultrapassagem por quem quer que seja, o holandês travou rodas e saiu reto na curva 1, na penúltima volta e “obteve vantagem indevida para manter sua posição”, conforme decisão dos comissários desportivos. Não demorou nada para Vettel começar a resmungar e cobrar punição ao adversário; demorou menos ainda para replicar iradamente a mensagem vinda do box que Charlie Whiting estava tomando providências. O alemão nem havia recuperado o fôlego quando se viu lado a lado com Daniel Ricciardo quando os dois se aproximavam do estádio.

Quando a bandeirada baixou Verstappen juntou-se a Lewis Hamilton e Nico Rosberg para a cerimônia no pódio. O entrevero entre o jovem da Red Bull e o já veterano da Ferrari pareceu ter sido resolvido quando Vettel foi chamado às pressas para ocupar o terceiro lugar no pódio, e, logo em seguida, receber o troféu de terceiro colocado. Três minutos mais tarde e os 15 pontos do terceiro lugar mudavam de mãos mais uma vez: o piloto da Ferrari foi punido com dez segundos (o dobro da penalização imposta a Verstappen), e caiu para quinto lugar. Neste vídeo você pode se inteirar de quanto pano sobrou para fazer mangas ao acompanhar as declarações dos três pilotos sobre o que aconteceu nessas emocionantes voltas.

Em resumo, uma série de acontecimentos frustrantes para o público, para os pilotos e para os patrocinadores que perderam a oportunidade de subir ao pódio por uma decisão burocrática. Se usar uma lista tríplice para definir o terceiro colocado, qual a consequência que semelhante falha provocaria se a colocação em jogo fosse a vitória?

Indiferente a isso, os dois pilotos da Mercedes seguiram sua toada e ao final da corrida trocaram gestos há muito esquecidos na disputa pelo título: conversaram e trocaram cumprimentos. Foi uma cena que, por pouco, não aconteceu. Ao travar roda na freada para a primeira curva, os pneus do carro de Hamilton ovalaram e quase custou um pit stop para troca de pneus. Uma breve análise entre Toto Wolff e o engenheiro Simon Cole evitou a parada. “Se a decisão do título não estivesse em jogo teríamos chamado Lewis para trocar pneus”, disse o austríaco após a prova, cujo resultado e informações você vê aqui.

Com o resultado do México Hamilton tornou-se o segundo maior vencedor da história da F-1 (51), junto com Alain Prost e atrás apenas de Schumacher (91). O título deste ano, porém, parece mais próximo de acabar nas mãos de Nico Rosberg: na análise mais simples de combinações possíveis, a vitória no GP do Brasil, permitirá a ele igualar o feito de Damon Hill, o primeiro filho de campeão mundial a repetir o feito do pai. Keke Rosberg, pai de Nico Rosberg, foi o melhor da temporada de 1982.

500 Milhas de Londrina já tem 33 inscritos
A 25a edição da 500 Milhas de Londrina já tem 33 inscritos confirmados para a competição que será disputada no sábado 26 de novembro no autódromo da cidade. Segundo o organizador da prova, Daniel Procópio, a corrida deste ano deverá ser uma das mais disputadas dos últimos tempos:

“Temos a adesão maciça de pilotos do Rio Grande do Sul e de várias equipes de São Paulo, o que vai garantir um grande espetáculo. A programação terá várias outras atrações, incluindo uma prova do campeonato regional e outra da Fórmula 1600.”

O público terá entrada franca e mais informações sobre a competição podem ser obtidas no site www.500milhasdelondrina.com.br.

WG

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