Alta Roda nº 943/293 – 01 /06 /2017
Fernando Calmon |
Que a indústria automobilística mundial terá de se
reinventar nas próximas duas décadas ninguém mais duvida. Alguns especialistas
acreditam em prazo ainda mais curto – talvez dez anos – para mudanças profundas
em direção à mobilidade diversificada e onipresente. A consolidação, porém,
seria gradual e irreversível porque certamente a produção tende a se acomodar
não muito acima de 120 milhões de veículos/ano (hoje em torno de 85 milhões).
Uma das pesquisas interessantes sobre esse futuro foi publicada recentemente
pela consultoria inglesa Ernst & Young (EY). Traça um quadro sobre
barreiras a superar em mercados cada vez mais integrados e compartilhados. EY
identificou cinco desafios que os fabricantes devem superar. Em resumo, os
seguintes:
1. Inovação - Apesar de a indústria acumular histórico de aperfeiçoamentos
e de os veículos de hoje serem muito avançados, poucas companhias demonstram
abordagem sólida para desenvolver e avaliar novas ideias. Portanto, há
necessidade de maneiras verdadeiramente disruptivas para revolucionar o próprio
negócio.
2. Conectividade - Necessário ver os consumidores como indivíduos para
quem experiências, produtos e serviços devem ser personalizados. Esse tema é
crítico, principalmente para as novas gerações que se acostumaram com serviços
móveis e sob demanda. Fundamental aprofundar o relacionamento contínuo com os
consumidores. Após a venda, interações com clientes são infrequentes,
impessoais e, em muitos casos, gerenciadas apenas pelas concessionárias.
Em contrapartida, potenciais operadores no mercado e os principais fornecedores
de transporte compartilhado se beneficiam de uma ligação muito mais estreita
com clientes, por meio de avaliações diretas e respostas pessoais nos
aplicativos e nas redes sociais. Como a escolha dos consumidores está cada vez
mais baseada nas suas experiências, a conectividade entre empresas e
consumidores será a chave para o sucesso. Por isso, é prudente a indústria
melhorar drasticamente a capacidade de interação e de oferecer novos serviços.
3. Colaboração externa - Por décadas houve relação muito rígida entre
mercado e parceiros. A nova indústria de mobilidade, porém, requer trabalho de
colaboração mais amplo, envolvendo todo o ecossistema. Apesar de motivações e
objetivos diferentes, todas as engrenagens desse universo devem compartilhar
experiências e informações, a fim de oferecer serviços focados e personalizados
aos clientes.
4. Novos talentos - A indústria automobilística sempre buscou os melhores
engenheiros do mercado, porém a aposta agora é em inteligência artificial e
cientistas de dados. Organogramas tradicionais e modelos de compensação e
incentivos impedem as empresas de atrair e reter o talento necessário para
inovar e sustentar um negócio disruptivo. Pesquisa com jovens profissionais de
tecnologia e startups apontou que eles não enxergam o mercado de veículos como
inovador.
5. Modelos operacionais desatualizados - As grandes companhias preferem
alavancar seus antigos processos operacionais e sistemas em vez de investir em
novas formas de executar essas ações.
Então, está na hora de mudar.
RODA VIVA
LANÇAMENTO do Citroën Cactus, importado da França, semana passada na
Argentina. Estratégia estranha, pois o carro será produzido no Brasil (início
de 2018) e sairá mais barato, sem imposto de importação, para os argentinos. Já
a VW prepara prévia de imprensa do novo Polo, na Alemanha, em meados de junho.
Para o público alemão em agosto e no Brasil, setembro.
SINDIPEÇAS confirma que frota brasileira de veículos leves e comerciais
estagnou em 42,8 milhões de veículos, em 2016, apenas 0,7% acima de 2015. Há
ainda 14 milhões de motocicletas. Este ano, muito provavelmente, frota total
começará a encolher, como ocorreu nos EUA, após a crise financeira de
2008/2009. Outro aspecto ruim: envelhecimento da idade média dos veículos.
CARROS da Mini continuam a ser anabolizados pela BMW. Novo crossover
Countryman tem 45% a mais de comprimento (hoje, 4,3 m) em relação ao primeiro
modelo inglês de 1959. Três versões chegam ao mercado: Cooper, Cooper S e ALL4
(tração integral). Motores turbo de 1,5 L (3 cilindros), 136 cv e de 2,0 L (4
cilindros), 192 cv. De R$ 144.950 a 189.950.
CITROËN C3 e C3 Aircross finalmente estreiam o câmbio automático de seis
marchas, da japonesa Aisin, como a Coluna antecipou. Seu funcionamento é suave
e tem três modos, além de seleção sequencial. Motor de 1,5 L saiu de linha.
Como a potência do motor de 1,6 L caiu 4 cv, as respostas ao acelerador ficaram
algo mais lentas. Preços entre R$ 58.540 e R$ 76.400.
MINICIDADE da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), de São Paulo, foi
modernizada em colaboração com o Instituto Renault. Faz parte da ação “O
Trânsito e Eu”, incluindo sala digital e realidade virtual. CET estima que
14.000 crianças anualmente visitem as novas instalações. Em 24 anos, mais de
200.000 jovens passaram por essa experiência meritória.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo
fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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