O motor de três cilindros e um litro do VW up! passou por
uma total reformulação para ser transformado em uma nova referência para o
mercado em termos de propulsão. Excelente desempenho, muito torque e consumo de
carro econômico são algumas das suas características. Mas para que ele pudesse
reunir essas novas qualidades muita coisa precisou ser modificada em relação à
versão aspirada.
Ele foi o primeiro downsizing de três cilindros nacional a incorporar turbo,
injeção direta e duplo comando de válvulas variável, melhoramentos que se
transformaram em 61,5% a mais de torque (16,8 kgfm a 1.500 rpm) e 28% a mais de
potência (105 cv a 5.000 rpm). Como se não bastasse, seu consumo ficou menor do
que o três-cilindros aspirado.
De forma simplista fica a ideia de que somente a adoção dessas tecnologias
seriam suficientes para que ele recebesse todos esses benefícios, mas a
realidade é muito distante disso. Para que ganhasse todos esses atributos ele
precisou ser inteiramente refeito internamente. Foi realizado intenso trabalho
na redução de atrito dos componentes e na aplicação de recursos tecnológicos
inéditos no mercado brasileiro. Também foram desenvolvidos materiais e
processos para aumentar a resistência estrutural e térmica de todos os seus
componentes.
A experiência e conhecimento do Centro Tecnológico MAHLE, em Jundiaí, SP, foi
solicitada no sentido de desenvolver alguns itens internos do 1.0 TSI Flex,
notadamente uma versão dos novos pistões Evotec2 RC (ring carrier - com
portador de anel), que foram aplicados pela primeira vez no mercado nacional.
Para suportar a pressão e as temperaturas médias maiores da configuração
turbinada, que proporciona uma alta potência específica, os pistões desse
três-cilindros precisaram ser totalmente reprojetados.
Produzidos em alumínio, os pistões receberam um novo porta-anel confeccionado
em Ni-resist, um ferro fundido austenítico com coeficiente de expansão térmica
próxima do alumínio. Esse componente é adicionado durante a fundição e sua
principal função é aumentar a resistência ao desgaste. Os anéis de pistão
também foram redimensionados utilizando materiais e cobertura de alta
tecnologia, uma vez que a pressão máxima de combustão do cilindro é de
aproximadamente 100 bar. Além disso, os anéis foram projetados para apresentar
baixo atrito e manter o consumo de óleo lubrificante em um nível de excelência.
As cabeças dos pistões agora contam quatro cavidades para o "encaixe"
das válvulas quando abertas, já que ele passa a ter duplo comando de válvulas
com variador de fase. As saias passam a ser assimétricas, para redução de
atrito. Independente de todas essas características de robustez, que ficam
evidenciadas principalmente pela arquitetura das assimetrias das paredes do
pistão, ele também tem a responsabilidade de colaborar para um baixo consumo de
combustível. Seu desenho também privilegia a redução de atrito, fato resultante
de uma menor área das saias do pistão.
Além do pistão, o motor 1.0 TSI recebeu pino de pistão com revestimento de DLC
(carbono tipo diamante), que a MAHLE usa pela primeira vez no Brasil,, trazendo
benefício adicional na redução de atrito. Complementando esse pacote de itens
de alta tecnologia, ele também vem equipado com camisas e anéis com tratamento
de baixo atrito, todos desenvolvidos e produzidos pela MAHLE Metal Leve. Também
estão sendo usadas pela primeira vez no Brasil e nesse motor, camisas com a
parte externa rugosa. Elas permitem uma maior transmissão de calor, em função
da sua melhor aderência ao bloco de alumínio, menor deformação e maior troca
térmica.
Sem esses componentes, que podem ser considerados vitais para o desenvolvimento
do três-cilindros, seria inviável a aplicação de todas as tecnologias
imaginadas pela VW no downsizing desse 1.0.
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