A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP),
que representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil,
divulga o balanço setorial de janeiro a abril de 2016. Segundo a associação, o
volume de vendas de pneus teve queda de 3,2% em relação ao mesmo período de
2015, com destaque para os segmentos de pneu industrial, agrícola e duas rodas.
"Os resultados negativos são reflexos principalmente da crise em que o
país se encontra. A queda do ritmo produtivo está diretamente relacionada com a
redução da demanda desses mercados", avalia Alberto Mayer, Presidente da
ANIP.
De janeiro a abril deste ano, a balança comercial dos
fabricantes nacionais de pneus manteve o superávit de U$S 269,55 milhões, com
um saldo de 3,44 milhões de unidades de pneus (exportações menos importações).
Comparando o 1º quadrimestre corrente ao 1º quadrimestre
de 2015, temos:
Montadoras
O acumulado do 1º quadrimestre de 2016 foi marcado pela
queda nas vendas para montadoras em todos os segmentos, em unidades de pneus:
Industriais (-73,4%), OTR (-48,2%), Duas Rodas (-42,2%), Carga (-36,7%),
Agrícola (-34,7%), Passeio (-23,0%) e Camioneta (-4,8%). O resultado reflete a
queda do ritmo produtivo do setor automotivo em função da menor demanda. Segundo
dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores),
a produção de veículos caiu 25,8% entre janeiro e abril deste ano, em
comparação com o mesmo período do ano passado.
O gráfico abaixo traz a média móvel, sem os efeitos da
sazonalidade, a movimentação das vendas dos pneus para as montadoras no período
de janeiro de 2011 até abril de 2016.
Mercado de Reposição
O desempenho das vendas para o mercado de reposição se
transformou em um ponto de atenção para a indústria nacional de pneus em 2016.
No acumulado de janeiro a abril, o setor fechou o período com retração de 2,4%,
destaque para a queda de vendas de pneus industriais (-54,4%) e de duas rodas
(-14,2%). Essa porcentagem representa cerca de 363 mil pneus que deixaram de ser
comercializados. "Este é um dado preocupante, pois de um lado pode mostrar
uma circulação mais baixa de veículos e, por outro pode indicar que o
consumidor está deixando de realizar a manutenção de um item essencial de
segurança. A atenção maior fica na queda expressiva nas vendas de pneus duas
rodas que pode indicar que esses consumidores estão migrando para o mercado de
reforma de pneus de motocicletas, o que, além de ser ilegal, torna-se um risco
enorme para a segurança dos motociclistas, pois esses pneus não são produzidos
para serem reformados", destaca Mayer.
Exportações
Em relação às exportações, o resultado das vendas de
pneus para o mercado externo entre janeiro de 2011 e abril de 2016, destacado
no gráfico abaixo, começou a se restabelecer no segundo semestre do ano passado
e fechou o acumulado de janeiro até abril deste ano com crescimento de 23,2%,
em relação ao mesmo mês de 2015, destaque para o mercado de pneus de passeios
que exportou cerca de 1,8 milhão de unidades, número que representa um aumento
de 45,6%, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Contudo, essa
retomada do segmento está longe de recuperar o fôlego das exportações de
janeiro de 2011.
A desvalorização cambial mascara a baixa competitividade
do produto nacional, embora grande parte dos insumos para fabricação dos pneus
seja importada, neutralizando em parte esta vantagem. Mesmo assim, determinou
um crescimento nas exportações, inclusive graças aos esforços dos fabricantes
em aumentar as vendas no exterior.
Contudo, segundo Mayer, esta melhora de competitividade é
efêmera, pois o mecanismo do câmbio é muito usado principalmente por países
asiáticos e na própria China como fator de facilitação comercial. "O que
precisamos para alavancar o setor são políticas mais justas e que melhorem a
competitividade do produto brasileiro no exterior, dado que a concorrência no
mercado global de pneus é acirrada", afirma Mayer.
Livro Branco
A necessidade de adoção de políticas que aumentem a
competitividade do setor de pneus levou a ANIP a lançar o documento Livro
Branco da Indústria de Pneus, que contém propostas para alavancar o crescimento
do setor, como a redução do custo logístico, desoneração do processo de
logística reversa, melhor acesso a insumos essenciais para a produção de pneus,
estímulos à exportação, implantação de margem de preferência para a indústria
nacional nas compras públicas, entre outras. O documento está disponível no
site da ANIP (www.anip.org.br)
Reciclanip
Até abril de 2016, a Reciclanip coletou e destinou de
forma ambientalmente correta mais de 148,9 mil toneladas de pneus inservíveis,
quantia que equivale a 29,8 milhões de unidades de pneus de carros de passeio.
Desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes, 3,68 milhões de
toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o
equivalente a 736,0 milhões de pneus de carro de passeio. Desde então, os
fabricantes de pneus já investiram R$ 835,5 milhões no programa até abril de 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário