Coluna 2216 - 25.05.2016 - edita@rnasser.com.br
BMW Série 7,
imponente, caro, quase autônomo
Marca alemã
completou a linha de sedãs com o degrau superior, a sexta geração da Série 7.
Grande em seus 5,23m de comprimento e 3,21m entre eixos, é confortável, dotado
de amplo pacote de segurança, confortos, e infodivertimento. Conteúdo rico,
incluindo bancos como poltronas individuais, reclináveis, com opção de
massagens, exercícios programados, auditados, e apoio de pés. Um comando
destacável, tablet de 17,5 cm,
alojado entre assentos traseiros, permite acionar o sistema multimídia através
de gestos com as mãos, som Bowers & Wilkins, tela de 25 cm. Geladeira no
porta malas, acessável por tampa entre encostos. Usuário descansado, sentado à
poltrona traseira, olhando para cima, se romântico encantar-se-á com o falso
céu no teto de vidro, com 15 mil pontos de luz a sugerir o firmamento limpo,
mesmo em noite de borrascas e tempestades.
Mecânica rica,
refinada por materiais leves, e aplicação de fibra de carbono na estrutura. BMW
trará ao Brasil o topo do topo, versão 750 Li M Sport. Marca-a motor V8, 4,4
litros, bi turbo, 450 cv de potência, 650 Nm de torque. Anteriormente série 50
se caracterizava pelos motores V12. Transmissão Steptronic de 8 velocidades.
Apesar dos 1.800 kg é esperto como exige quem anda no banco traseiro e pagou os
R$ 710 mil anotados na etiqueta. Vai aos 100 km/h em 4,7s e a 250 km/h cortados
eletronicamente. Rodas M Sport, em liga
leve e aro 20”.
Cores, quatro
metálicas – Preto Safira, Branco Mineral, Cinza Singapura, Carbon Black.
Revestimento em couro Nappa Branco, Preto e Café, nova moda.
No mais, as atualidades do momento, iluminação do chão ante aproximação,
mudança de cor nas luzes internas, assinatura luminosa nos faróis com LEDs
adaptativas, e nas luzes traseiras. Tecnologias podem ser interpretadas de
maneira diferente. A uns, o futuro, mas, por exemplo, uma novidade agradaria
apenas parcialmente a antigo diretor da GM, o Imperador de São Caetano. Não colocava a mão em maçanetas para
abrir ou fechar o automóvel. Exigia um segurança para fazê-lo. Quilômetros
acima da má educação do ex-executivo, no Série 7 permite-se o entra e sai do
carro sem tocar nas maçanetas, pois sensores determinam a abertura e fechamento
das portas e do compartimento de bagagens. Pouco, entretanto, para atender aos
faniquitos do aposentado: não há equipamento para retirar e colocar o paletó;
carregar sua pasta; e entende-lo por olhares, pois não conversava com sub
alternos...
Tecnologia está mais para evolução que para revolução. Provam-no as
aletas internas das grades riniformes frontais, num abre e fecha de acordo com
o ganho de velocidade, em nome de melhorar o perfil aerodinâmico e reduzir
consumo. Mesma tecnologia, com ajuste termo-mecânico ou manual em empregada nos
carros norte americanos de luxo, ao final dos anos ’20, quando Packards,
Cadillacs e Lincolns abriam ou fechavam as aletas evitando o ar gelado do
inverno impedisse o motor atingir a temperatura operacional.
Há muito, muito mais, como as câmeras lendo o chão e conectadas ao GPS
traçam e preparam o deslocamento, e enorme carga de facilidades eletrônica
permitindo vê-lo como último degrau antes de se tornar autônomo – como, com
certeza, será seu sucessor.
Enfim, camarada, se interessado, seu motorista terá muito a aprender
sobre as capacidades e as habilidades do novo BM7.
Nissan Sentra, tapa acertado
É, como a Coluna
descreveu há 14 dias, uma intervenção
renovadora durante a vida útil da sétima geração. Efetivamente melhorou-o a
partir do óbvio, a visão frontal. A Nissan trouxe-o à identidade familiar,
ligando-o aos sedãs mais caros da marca, Maxima e Altima. Mudança em grade e
faróis o rejuvenesceram e deram rumo na vida.
Mecânica
continua liderada pelo motor frontal, transversal, quatro cilindros, 16
válvulas, com abertura variável, injeção indireta, 2,0 morno para os dias
atuais: potência de 140 cv, torque de 20 quilos. Tração dianteira advinda de
caixa com polias variáveis, sistema amplamente conhecido como CVT.
Grosseiramente é câmbio automático ao dispensar atuação do motorista, e o
sistema funciona como se o motor fosse um gerador independente, sem
correspondência entre ruídos e aceleração. O sistema não absorve energia, nem
consome mais, ou perde rendimento, e foi modernizado reduzindo 30% do atrito e
13 kg em peso ante a geração anterior. Entretanto dirigi-lo não oferece emoção,
calor ou estamina. Como disse jornalista nordestino ao test drive, é como
dançar forró com a mãe.
Há sensível
percepção do investimento da Nissan para preencher o terceiro degrau da casa
dos sedãs japoneses, melhorando seu conteúdo. Comparado aos líderes Toyota e
Civic, às vezes em ordem inversa, oferece mais equipamentos por menor preço.
Define isto desde a primeira versão, da qual suprimiu o câmbio mecânico,
oferecendo o CVT. E reafirma com preocupação de segurança, como controle de
estabilidade e tração. Construtivamente permite conforto aos passageiros do
banco traseiro e um rodar confortável pelo entre eixos superior na classe. Diz
a marca, o dimensionamento e o ajuste de suspensão Mc Pherson frontal e eixo
torcional traseiro, direção e freios foram desenvolvidos localmente para as
condições brasileiras.
O motor Flex
entrou no caminho natural de refugar o tanquinho de gasolina e adota o sistema
Flex Start Bosch aquecendo o álcool antes da partida.
Roda-a-Roda
Caixa –
Tesla, rápido e surpreendente carro elétrico, colocará ações no mercado.
Diluirá o poder de Elon Musk, o sul africano criador do sistema de pagamentos
PayPal, CEO e principal acionista, mas pretende caixa para arrancar produção de
seu modelo 3.
Caminho –
Empresa quebra paradigmas, fazendo carros com estilo, refinamento e autonomia.
O recém apresentado 3 anda 340 km com uma carga, tem enorme fila de encomendas
sinalizadas, e a captação de recursos é para viabilizar produção ampla. Dele
quer fazer 500 mil unidades em 2018.
Ampliação –
Busca outros mercados. Reforma loja na Avenida Europa, caminho de marcas de
prestígio na capital paulista, para vende-los aqui.
Saco ... –
Depois do Dieselgate, escândalo
envolvendo emissões de poluentes em níveis superiores à margem legal, outros
fabricantes estão sendo acusados de falsear dados relativos a consumo.
Mitsubishi foi o primeiro e a queda do valor de suas ações permitiu à Nissan
adquirir-lhe 34%. E esta enfrenta a mesma acusação.
...de Gatos
– GM suspendeu vendas de seus SUVs mais vendidos – em todos a etiqueta de
consumo indica duas milhas (3,2 km) a mais por galão de gasolina, (3,6 litros).
Não mexerá nos motores ou sua eletrônica: trocará o selo...
Criação – Estudo pela Safe Kid
Worldwide e a General Motors
Foundation, concluiu, tendendo à obviedade e balizando o futuro:
adolescentes criados com limites
impostos pelos pais, dirigem com mais responsabilidade e se envolvem menos em
acidentes. Como exemplo, os educados a beber com responsabilidade são 1/10 no
volume de acidentes.
Telhado – Alguns órgãos de imprensa apostam no convívio no mercado do
Renault Clio, em paralelo ao Kwid, SAV Renault a ser lançado ao fim do ano.
Produzido na Colômbia, seria fornecido ao Brasil.
Palavra – Bruno Hohmann, diretor de vendas da Renault, contesta a
teoria, por não haver espaço para convívio entre produto muito antigo e outro
muito moderno no mesmo segmento e faixa de preços. O Clio continuará, mas no
mercado colombiano, onde produz, por exemplo, a Gran Tour, station Mégane.
Atualização – Outro francês, o Citroën C3 será notícia nos próximos
dias, ao iniciar comercialização com novo motor 1,2 tri cilíndrico, o Pure
Tech. Deverá disputar a liderança dentre os mais econômicos.
Apresentação - 20 de junho, mas por logística de transporte alguns
concessionários podem recebê-lo antes. Charmoso, bem equipado, o C3 Pure Tech
terá preço a partir de R$ 46.500 – uns R$ 1.500 sobre o anterior.
Quebra ? – Instigada pela então chegante Volkswagen, a Karmann AG veio
para o Brasil e adotou o nome de seu produto mais conhecido, o Karmann-Ghia.
Iria fornecê-lo à VW e, em paralelo, vender serviços de desenvolvimento,
partes, fornecer itens e serviços para a indústria automobilística.
Situação – Está na Via Anchieta, ligação do litoral ao planalto
paulista, parte alta para evitar enchentes não cuidadas, e do muito feito há trailers, jipes Land Rover Defender
montados por encomenda da Ford, e a mítica emenda esticando o Willys Itamaraty,
como única limousine feita por
fábrica no Brasil.
Lá – O fim melancólico da matriz em 2009, incorporada pela Volkswagen em
sua arrancada de crescimento, influenciou filial local. Vendida, passou por
quatro donos em 10 anos, e o atual se bate com dívidas antigas e retração da
produção de veículos novos.
Cá – Tem pedido de falência em curso, salários em atraso, fábrica
parada, ocupada pelos funcionários – e esperança de ser vendida. É a história à
venda.
Crise – Um
automóvel reúne umas 5.000 peças. Tê-las com preço, qualidade, especificações,
é exercício constante. Pelos novos processos industriais montadoras não as
estocam, recebendo-as na linha de montagem, à hora de agrega-las para fazer o
veículo. Logística complicada, sujeita a muitas variáveis.
Custo -
Atraso na entrega da hipotética e desprezível rebimbela da parafuseta, é capaz
de frear a linha de produção, causando enorme prejuízo. Caso dos bancos, não
entregues para discutir aumento de preços.
Relacionamento – Ocorreu com Volkswagen e Fiat semana passada. Fornecedoras compradas pelo grupo
Prevent, suspenderam entregas, solicitou novo adiantamento de pagamento. Matriz
da VW achou desaforo e foi à Justiça.
Mal parado – Despacho determinou o fornecimento sob pena de multa diária
de R$ 500 mil. Voltaram entregas às duas marcas, mas relação azedou, criando
oportunidade para novos fornecedores.
Indo atrás – Ante o gráfico econômico de crescimento constante no
Nordeste, Stuttgart, distribuidora Porsche, abriu revenda em Recife, PE, à av
Imbiribeira.
Exceção – Marca ausente do muro das lamentações automobilísticas. No
tríduo maldito da economia nacional, os três últimos anos, nada a reclamar: no
primeiro quadrimestre de 2014 vendeu 219 unidades. Ano seguinte, período
idêntico, 208. Nesse exercício, 236. Crise
para ricos é marolinha, diz aquele novo rico de amigos generosos.
Negócio –
Respiro de alívio na Mercedes: pelo quarto ano seguido venceu licitação federal
no fornecer chassis de ônibus para transporte escolar. Até agora marca já
colocou 3.500 ônibus no programa “Caminho
da Escola”.
Aviso –
Moradores da milenar Vetralla, encarrapitada nas montanhas, 14 mil habitantes,
na região do Lazio, Itália, para chamar a atenção da Prefeitura local ante
buracos na principal via da cidade, ameaça à vida de motociclistas, ciclistas,
motoristas: pintaram figura assemelhada a longo pênis para indicá-los.
Oficial –
Prefeito Sandrino Aquilani exibiu a estreiteza mental habitual às autoridades
mal formadas: viu nas pinturas forma de intimidação, mandando a Polícia
identificar os autores. Disse, buracos não são municipais, mas estaduais. Lá,
como cá, governos municipais não discrepam. Erram.
Menos – Ford informou à imprensa comemorar neste mês 97 anos de produção
no país. Enganou-se. À data, em 1919, apenas definiu-se a vinda ao Brasil,
efetivada ao final de 1920. Brindar a decisão, OK. Mas festejar fabricação,
apenas no trimestre final. E, assim mesmo, 96 anos.
Alfa – Mais charmosa corrida do mundo, a Mille Miglia Storica, em estradas
italianas entre Brescia-Roma-Brescia, fez trinca de Alfas na vitória.
Brescianos Andreas Vesco e Guerini, com 1750 GS Zagato de 1931; Luca e Elena Patron Scaramuzzi,
com 2000 CC OM 665 Superba Sports,
1926; e Giordano Mozzi e Stefania
Biacca em 6C 1500 Gran
Sport de 1933.
História - Competição re edita a famosa corrida, mas
agora é midiático rallye de
velocidade, admitindo participantes com veículos idênticos aos então
competidores, até o ano de 1957. Alfa resolveu seguir a Mercedes-Benz no
investimento institucional. Ano passado patrocinou-a, e fez parada extra no
futuro museu da marca, em Arese.
Registro – Neste reuniu a maior tropa do evento: 47
Alfas. No geral, participantes dos cinco continentes, incluindo 19 argentinos.
Daqui, nenhum. Aliás, brasileiros apenas na edição de 1999: Feldman e Nasser
integrando o Team Mercedes.
Jeep, um caminho
especial na história do automóvel
Histórias
de automóveis são mais ou menos confluentes: ideias em torno de um objetivo,
gerando produtos assemelhados. Com o utilitário leve com tração total para
aplicações gerais, GP, pronunciado como Jeep,
foi diferente. Partiu de concorrência pública pelo Exército dos EUA. 135
convidados, nenhum se interessou pelos prazos impossíveis – meia dúzia de dias
para projeto grosseiro e 49 para protótipo funcional. Para noção, hoje isto é
desafio para um ano de prazo.
Instigaram Carl Probst, ex-engenheiro chefe da
American Bantan, então fechada fábrica de carrinhos ingleses. Probst declinou.
Não tinha meios mínimos, secretaria, equipe. Mas por razão nunca esclarecida,
prazo vencendo, aceitou, fez o desenho de factibilidade e apresentou-o. Foi o
único. O Exército arrepiou ante a possibilidade: como entregar a empresa
fechada, encomenda de tal responsabilidade? O desenho vazou para a
Willys-Overland.
Probst fez o óbvio: aproveitar o disponível no mercado – eixo traseiro e
freios de automóvel Studebaker; caixa de marchas do Bantan; caixa redutora de
trator; molas, direção de alguma coisa em produção. Em 48 dias tinha-o pronto,
rodou na madrugada e cumpriu o prazo – nem a Willys nem a sub empreitada Ford
conseguiram. Não tinha o peso mínimo do edital, foi sendo submetido a testes, e
enquanto se analisava a mudança técnica, os concorrentes apareceram, calcados
no projeto Bantam. Ao final padronizou-se o veículo, pela Ford identificado
como GPW – General Purpose Willys. O
nome colou.
A partir da segunda fornada padronizaram-nos. O motor agora chamado Go Devil, era um ancião, dos Willys
Whippet da década de ’20... Mas era disponível e tracionou formidável
ferramenta de guerra a quem se credita parte da vitória dos Aliados.
Comercialmente o Jeep criou vertente de produtos, hoje vistos em Renegade e
Wrangler, e dele o primeiro utilitário esportivo, os netos da antiga Rural
Willys, a ampla família Cherokee. E foi a primeira marca que se decidiu
instalar para produzir – e não apenas montar – veículos no Brasil. Medida de importância, o produto da nome à marca
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