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Wagner Gonzalez |
NICO,
ENFIM CAMPEÃO
Terminou a
busca/agonia/sofrimento, escolha você, leitor e internauta, a palavra que
melhor define a temporada de Nico Rosberg no Campeonato Mundial de F-1.
Para o alemão, sem dúvida,
foi um ano de amadurecimento e crescimento e a conquista do sonho maior como
piloto. A história da categoria mostra campeões que poucas vezes são lembrados
naquelas enquetes do tipo “os dez mais”, lista onde seu pai Keke só aparece por
um motivo antagônico ao que consagrou o filho. Se um ganhou o título de 1982
com apenas uma vitória em um GP da Suíça disputado na França, o outro foi o
piloto que mais vitórias conseguiu antes de se tornar campeão. É lícito esperar
que a partir de agora Nico Rosberg mostre-se ainda mais agressivo e seguro e
repita o titulo se o seu equipamento corresponder ao histórico recente da
Mercedes.
Tanto pai quanto filho
fizeram por merecer, afinal, o que outorga o título de campeão é o número de
pontos conseguido durante uma temporada, não o número de vitórias, manobras
arrojadas ou declarações sensatas ou não… Embora o pai tenha sido a grande
referência, parece que o austríaco Niki Lauda influenciou mais a carreira do
filho. O fato de ter sido criado em Mônaco ajudou no aprendizado de espanhol,
francês e inglês, facilidade que ficou patente durante uma entrevista coletiva
realizada em São Paulo, dias antes do GP do Brasil: apesar da presença do
intérprete, ele pediu que lhe fizessem as perguntas em português e demonstrou
ter entendimento muito bom do nosso idioma.
Nico Erick Rosberg, alemão
de Wiesbaden, onde nasceu em 27 de junho de 1985, está longe de ter o arrojo do
pai, a velocidade do companheiro/inimigo de Lewis Hamilton ou a garra de Max
Verstappen e talvez a junção de tudo isso seja sua maior força. Após quatro
anos de Williams (2006/2009), Nico transferiu-se para a Mercedes, onde
completou este ano sua 11a temporada
na F-1. Pode-se dizer que aí começou a amadurecer de verdade: inicialmente
comandada por Ross Brown, a equipe privilegiou Michael Schumacher, apesar do
heptacampeão já estivesse vivendo o declínio de sua carreira. Se isso era ruim,
quando Lewis Hamilton desembarcou no time, o cenário ficou pior. Ainda liderado
por Brown, o nacionalismo destes dois falou mais alto e Rosberg descobriu os
requintes da culinária exótica ao engolir vários sapos
Enquanto Lewis se
consolidava na equipe com dois títulos, mostrando velocidade, doses nada
homeopáticas de agressividade nas pistas e um estilo de vida digno de quem vive
a “vida loka”, Nico enfrentava demônios em várias formas. As provocações na
pista que acabaram em toques, batidas e abandonos — algumas respostas ríspidas
como o toque no carro de Hamilton em Spa 2015 — e até as dificuldades vividas
na gestação de Aläia, a filha que nasceu em 30 de agosto de 2015, e a saúde da
esposa Vivian Sibold nesse período, ilustram que não faltaram elementos para
desestabilizar o filho único de Keke e Gesine.
Não chega a ser uma
tradição, mas é bastante comum um piloto tornar-se mais lento após se tornar
pai. Com Nico, foi diferente: ele começou a temporada vencendo quatro corridas,
às quais se somaram as três últimas provas de 2015. A série foi interrompida
tragicamente em Barcelona: na primeira volta do GP da Espanha o inglês forçou a
passagem, manobra refutada por um alemão mais irredutível do que nunca e os
dois abandonaram a prova que marcou a estreia de Jos Verstappen na equipe Red
Bull e sua primeira vitória na categoria.
A eliminação mútua na pista catalã pôs em risco algo bem
mais caro que a renovação do seguro dos dois carros: deixar a animosidade
seguir crescendo colocaria em risco o investimento de bilhões de dólares que o
grupo Daimler materializou para manter a equipe em atividade por quase uma
década. Não será de se estranhar se, num futuro mais ou menos próximo, o
processo de acalmar os ânimos dos seus dois pilotos não render a Toto Wolff um
prêmio a altura do Nobel da Paz e ver sua atuação virar livro com aquele título
surrado “Como manter sua equipe unida e motivada e vender mais”. As diferenças
entre Hamilton e Rosberg, sem dúvida, ainda vão presentear Wolff com muitas
rugas.
Após o episódio catalão Hamilton logrou chegou a liderar o
campeonato brevemente, mas Rosberg recuperou-se e a partir do momento que
retornou ao primeiro lugar na tabela de pontos passou a correr com os olhos na
pista e a cabeça enxergando cada etapa como uma jogada no tabuleiro de xadrez.
Inspirou-se, sem dúvida, em Niki Lauda, famoso por expor suas ideias com um
número de palavras pouco maior que as proferidas por Kimi Räikkönen em uma
entrevista. Frio e calculista, Lauda chegou ao seu terceiro título derrotando
Alain Prost por meio ponto na temporada de 1984: na prova final desse ano, em
Portugal, o austríaco dividiu o pódio com o francês, vencedor, e Ayrton
Senna, terceiro classificado em sua despedida da Toleman.
Não falta material para Nico Rosberg se popularizar nos
Estados Unidos, onde os jogos de “quizz” formam um mercado altamente consumidor
de dados como A) Qual foi o piloto que venceu mais provas até chegar ao seu
primeiro título? B) Qual foi o primeiro piloto que sagrou-se campeão na
presença do pai igualmente campeão mundial? C) Qual campeão mundial tem dupla
cidadania mas não fala o idioma de um deles? D) Qual campeão mundial vive desde
pequeno em Mônaco e praticamente jamais residiu no país onde nasceu? E) Onde
nasceu o pai do único campeão mundial que preferiu não ensinar seu idioma ao
filho?
Respostas A) Nico
Rosberg, 23; B),
Nico, o pai Keke foi campeão em 1982 pela Williams. Graham Hill (1962/1968)
faleceu muito antes do filho Damon (1996) começar a correr. C) Nico Rosberg
chegou a correr com a carteira finlandesa, mas em 2006 assumiu a cidadania
alemã perante a FIA. D) Nico nasceu em Wiesbaden, cidade natal de sua mãe, a
intérprete Sina, porém cresceu e foi educado no Principado de Mônaco. E) Keijo
Erik Rosberg nasceu em Solna, quando seu pai Lars Erik Rosberg estudava
veterinária na cidade sueca localizada no norte da região metropolitana de
Estocolmo.
Você encontra aqui o
resultado completo do GP de Abu Dhabi, prova que foi vencida por Lewis Hamilton
e marcou a despedida de Felipe Massa e Jenson Button da F-1. A posição final
dos campeonatos de Pilotos e Construtores você acessa clicando aqui.
Brasileiros progredindo
Enquanto o futuro de Felipe Nasr não é definido, dois
brasileiros anunciaram esta semana que seguem seus programas de aperfeiçoamento
rumo à F-1. O mineiro Sergio Sette Câmara confirmou que assinou contrato com a
equipe MP Motorsport, da Holanda, e o gaúcho Mathias Leist testa com três
equipes da categoria GP3 em Abu Dhabi para definir onde correrá.
Os carros da GP2, fabricados pela Dallara, têm maiores
dimensões (5.065 mm de comprimento,1.800 mm de largura e 3.120 mm de distância
entre eixos), e pesam 683 kg, 53 a mais que os da GP3, sempre com o piloto a
bordo. O motor V-8 4-litros produz 612 cv e o aerofólio traseiro é equipado com
asa móvel similar aos dos carros da F-1. Também produzidos pelo construtor
italiano, os carros da GP3 igualmente usam motor Mecachrome francês, mas é um
V-6 3,4-L que produz 400 cv. Suas dimensões principais são 4.480 mm de
comprimento, 1.880 mm de largura, distância entre eixos de 2.780 mm e peso
mínimo de 630 kg.
Quinhentas Milhas de
Londrinavulgação)
O trio formado pelos gaúchos Tiel Andrade, Mauro Kein e Paulo
Souza, a bordo de um protótipo Tubarão-Mugen, venceu a 25a edição da 500 Milhas de Londrina, competição
que se firma como uma das mais importantes do cenário brasileiro da categoria
Resistência. Os pilotos locais Leandro Totti e Maicon Tumiate, com Aldee, terminaram em segundo e o Tornado-Hayabusa dos gaúchos Cali Crestani e Rafael
Simon, em terceiro.
WG