Alta Roda nº 938/288 – 27 /04 /2017
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O encerramento do Inovar-Auto, no fim
deste ano, abre oportunidades de debates sobre a sua evolução. O programa
causou polêmicas por envolver medidas consideradas protecionistas pela União
Europeia e Japão. Projetado para um período de cinco anos (2012-2017), incluiu
muitas exigências burocráticas e teve saldo final discutível. Tudo agravado
pela severa recessão econômica que atingiu indústria automobilística e
fornecedores.
Introduziu, porém, com sucesso, metas de diminuição de consumo de combustível.
Foi responsável direto pela boa evolução dos motores produzidos no País. Tornou
conhecido o conceito de eficiência energética com
etanol e gasolina, embora referências em MJ/km não sejam bem compreendidas
pelos motoristas. Mas todos sentiram uma evolução dos consumos, tanto de
gasolina (E27) quanto de etanol (E100), na tradicional medição em km/l.
Agora surge uma boa notícia. O governo federal prepara para agosto um novo
programa batizado de Rota 2030. Diretrizes de longo prazo são tudo o que
executivos de empresas e engenheiros precisam para desenvolver tecnologias. A
cilindrada dos motores deixaria de balizar unicamente a carga fiscal sobre
automóveis. Ainda não se sabe pormenores, mas a taxação poderia considerar
emissões de CO2, um gás de efeito estufa (GEE) ligado umbilicalmente ao consumo
de combustível. Traria liberdade para soluções avançadas e específicas.
Outra ideia seria introduzir o conceito de emissão total de GEE desde a sua
produção até o que sai pelo escapamento dos veículos (no jargão técnico, do
poço à roda). Forma justa e tecnicamente correta de estimular o uso de
biocombustíveis como etanol. Há de se valorizar as externalidades dessa
alternativa de baixo carbono total, quando continuam as preocupações mundiais
com CO2 e possíveis mudanças climáticas. Não se trata de subsidiar o
biocombustível, mas de revisar a taxação sobre os de origem fóssil a fim de
encontrar um equilíbrio para atrair o consumidor e incentivar o produtor.
Embora ainda sem repercussão fora da comunidade técnica, chegou a hora de
explicar ao governo e aos consumidores as vantagens de introdução de um novo
tipo de etanol com menor teor de água, meio-termo entre anidro e hidratado.
Seria utilizável puro ou misturado à gasolina sem qualquer problema técnico,
considerando-se a temperatura ambiente média do País.
Essa mudança poderia ser gradual e identificada de início como etanol premium.
Haveria aumento de autonomia nos motores flex ao utilizar o combustível
renovável, além de ganhos pela melhor adequação às novas tecnologias. O custo
para desidratar o etanol tem caído com a introdução da técnica de peneira
molecular.
Outra solução de médio prazo contemplaria estímulos ao veículo híbrido com a
combinação de motor elétrico e motor a combustão flex otimizado para etanol. O
Brasil teria vantagem competitiva quanto ao GEE, pois um carro médio nacional
emitiria apenas 20 g/km de CO2. Já um modelo equivalente puramente elétrico,
cuja geração de energia para recarregar as baterias dependesse de usinas
térmicas a combustível fóssil (como ocorre na maioria dos países), se situa
hoje entre 30 e 40 g/km de CO2 ou até 100% a mais.
RODA VIVA
PRIMEIRAS unidades do Argo saem da linha de
montagem da Fiat, em Betim (MG) para lançamento no próximo mês. Esse novo
compacto anabolizado sucede ao Punto. A Coluna antecipa: serão três versões
(Attractive, Essence e Sporting) e sete variações. Motores Firefly 1,0 e 1,3 L
e 1,8 L EtorQ. Opções de câmbio automatizado no motor menor e automático no
maior.
CHEVROLET S10 com motor flex (2,5 L/206 cv/27,3
kgfm) passa a oferecer câmbio automático de seis marchas. Disponível apenas
para as versões de cabine dupla LT e LTZ. Apesar de seu porte e peso pode
acelerar de 0 a 100 km/h em surpreendentes 9,5 s. Recebeu classificação A em
consumo no Programa de Etiquetagem do Inmetro: etanol 6,4 km/l na estrada e 5,3
km/l na cidade; gasolina 9,4 km/l e 7,9 km/l, respectivamente. Preços:
R$107.990 a 129.990.
DEPOIS de chegar ao Chile, Peugeot 301 importado
da Espanha agora está disponível na Argentina. Este sedã tem dimensões próximas
a de um médio a preço de compacto como Logan, Cobalt, Versa e City. Marca
francesa afirmou que o carro não viria para o Brasil, mas com o fim da
sobretaxa do IPI quem sabe? No país vizinho, preços entre R$ 65.000 e R$
77.000.
QUEM já circulou em estacionamentos com aquelas
luzes vermelhas e verdes indicando vagas disponíveis sabe que é mão na roda.
Sistema foi criado pela SmartMotion, do engenheiro eletrônico português Paulo
Lourador, radicado no Brasil. Depois de implantado em Portugal, México,
Colômbia e Equador, ele planeja entrar no gigantesco mercado americano.
RESSALVAS novo BMW Série 5 está em sua sétima
geração e não sexta, como publicado na coluna da semana passada. Quanto ao
Mercedes-Benz Classe S, apresentado no Salão de Xangai, trata-se de uma reestilização
de meia vida da atual sexta geração.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de
comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É
publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda,
correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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