Ferrari comanda o show após 3 atos
Force India é a terceira equipe mais regular
Massa leva Williams sozinho
Após três atos de uma
história que se prolongará por mais 17, três equipes e seis pilotos já
sobressaem pela regularidade com que marcaram presença nas 30 posições
pontuáveis que aconteceram até agora. Entre os grandes, a Ferrari mostra o
caminho à Mercedes – é líder tanto com Pilotos quanto entre os Construtores -,
enquanto a mediana Force India brilha no meio do pelotão graças ao bom trabalho
de Sérgio Pérez e do novato Estebán Ocón. Os dois pontuaram na Austrália, China
e Bahrein, algo que somente Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e
Kimi Räikkönen (os quatro primeiros na tabela de pontos) conseguiram. Se
sobra espaço para mais alguém o nome a ocupar a vaga é o alemão Pascal
Wehrlein, que estreou na temporada obtendo um inesperado 11º no circuito de
Sakhir. O resultado do piloto da Sauber ganha destaque por ele ter sido o único
a fazer uma única troca de pneus entre os 4 que se classificaram na terceira
etapa do ano.
Ainda que algumas pequenas
alterações e aerodinâmica tenham sido notadas no GP do Bahrein espera-se um
número maior de novidades para as próximas etapas na Rússia e na Espanha,
particularmente na última. Christian Horner, líder da Red Bull, informou ontem
que um problema de calibragem nos sensores do túnel de vento usado por sua
equipe afetou o projeto do RB13. Por causa disso o desempenho de Daniel
Ricciardo e Max Verstappen até agora ficou distante dos pilotos da Ferrari e da
Mercedes. As alterações serão vistas no circuito de Barcelona, onde a F-1 se
apresenta dia 14 de maio.
Adrian Newey -, tanto o
australiano (terceiro no grid e quarto na corrida) quanto Verstappen (que viveu
um fim de semana infeliz dentro e fora da pista) andaram mais próximos dos
carros alemães e italianos. Verstappen viveu um fim de semana para esquecer: no
sábado deu uma declaração infeliz sobre os brasileiros, da qual se retratou
ontem, na corrida bateu quando seu carro teve problemas de freios e no domingo
viu seu companheiro de equipe terminar em quarto.
No balanço parcial da
temporada não há dúvidas que a Ferrari foi melhor que a Mercedes, ainda que o
quarto posto de Kimi Räikkönen no Mundial de Pilotos contraste com a liderança
do seu companheiro de equipe Sebastian Vettel. A continuar nesse patamar de
desempenho a lista de substitutos do finlandês para 2018 não tardará a
aparecer. Se é praticamente impensável que Räikkönen assuma um papel de segundo
piloto antes do GP de Cingapura, o maior adversário dos italianos pode resolver
o assunto muito antes disso.
A julgar pelo que aconteceu no GP do Bahrein o período de
lua de mel entre Lewis Hamilton e Valtteri Bottas está próximo do fim. Não
bastasse a expressão do finlandês no terceiro degrau do pódio os acontecimentos
que levaram o autor da pole position a perder duas posições ao final da corrida
não amenizam esse quadro. No grid de largada o compressor de ar utilizado para
garantir a calibragem correta dos pneus teve problemas e Bottas
alinhou com pneus que superaqueceram e perderam aderência; com seu segundo
jogo de pneus o problema se repetiu.
Já com o terceiro, Bottas mantinha um ritmo mais forte que Lewis Hamilton,
que instalou pneus novos na 40ª volta, dez voltas mais tarde que o finlandês.
Nesse momento, Bottas era cerca de um segundo por volta mais rápido que o
inglês. Coincidentemente, após o pit stop de Hamilton os tempos por volta do
carro 77 caíram cerca de dois segundos e os do carro 44 melhoraram em igual
proporção; dessa forma em apenas cinco voltas o inglês descontou cerca de 10
segundos e passou a ocupar a vice-liderança da prova. Para quem estava fora do
box da Mercedes ficou a clara impressão de que ordem dali emanadas
definiram a situação.
Vettel lidera a temporada
mas o problema na casa italiana é semelhante mas parece existir uma situação
mais clara: e se Bottas marcou 12,7 pontos por corrida, Räikkönen mostra
a média de 11,3 e não demonstra estar à vontade com o carro de 2017. A
integração do finlandês mais jovem com seu novo time deve ajudar a melhorar a média
nas próximas corridas.
Num planeta à parte, a
equipe Force India vai fazendo uma temporada na base de comer pelas beiradas e,
novamente, supera equipes com mais recursos técnicos e financeiros,
particularmente Williams e Renault. O espírito de equipe no time ainda liderado
por Vijay Mallya compensa essas e outras desvantagens, como um carro entre os
mais pesados do grid e um piloto, Estebán Ocón, que ainda não completou uma
temporada inteira na F-1 e outro, Sérgio Pérez, conhecido por sua velocidade.
Apesar da pouca experiência, o franco-catalão terminou as três corridas em
décimo lugar e deu mostras de sua capacidade ao garantir seus resultados com
ultrapassagens e disputas leais e arrojadas.
Tal cenário valoriza
indiretamente o desempenho de Felipe Massa, responsável pelos 16 pontos
conquistados pela Williams até agora, um a menos que a Force India. Até agora o
canadense Lance Stroll não completou nenhuma prova e, mesmo que no Bahrein seu
abandono tenha sido consequência de uma atitude condenável de Carlos Sainz Jr,
o horizonte de 2017 para o pessoal de Grove é terminar o ano atrás de seus
colegas de Silverstone.
Toro Rosso, Haas e Renault
seguem nessa ordem na tabela de pontos. A primeira parece envolta em uma fase
menos produtiva dos seus pilotos – o espanhol Sainz vem de duas corridas com
atuação abaixo do seu normal -, e se ele e Daniil Kvyat continuarem nesse ritmo
vagas se abrirão na F-1 2018. Ainda sofrendo problemas de freios no carro de
Romain Grosjean e de regularidade por parte de Magnussen, a Haas vem de dois
oitavos lugares consecutivos e tem dado ao franco-suíço um carro rápido o
suficiente para ele ter chegado ao Q3 – quando são definidos os dez primeiros
lugares do grid de largada – em duas ocasiões.
Mescla dessa situação com a vivida pela Williams, a
Renault marcou no circuito de Sakhir seus primeiros pontos da temporada, graças
a Nico Hulkenberg. Se o chassi RS17 parece melhorar sensivelmente, o mesmo não
acontece com o inglês Jolyon Palmer: suas performances erráticas não contribuem
para que ele consolide seu espaço na categoria: mesmo largando em surpreendente
décimo lugar terminou a prova atrás de Pascal Werhlein e Daniil Kvyat.
Após duas etapas em que
optou por não disputar para recuperar sua condição física o alemão Pascal
Wehrlein finalmente estreou na equipe Sauber e marcou presença. O
décimo-primeiro lugar conquistado no final de semana é uma contribuição
importante ao time suíço, que pelo menos temporariamente está à frente da
McLaren no Mundial de Construtores, ainda que ambas estejam empatadas com zero
ponto. Pelo andar da carruagem – nenhuma menção indelicada, por favor -, a
Sauber tem boas chances de terminar o ano como penúltima colocada. O lado
irônico é que a Honda poderá ser a sua fornecedora de motores no ano que vem.
A F-1 permanece no Bahrein
por mais dois dias para testar protótipos dos pneus que serão usados no ano que
vem, sessão de treinos na qual algumas equipes darão oportunidade de teste para
vários novatos. O resultado do GP e a classificação consolidada do campeonato
você encontra neste link.
Wagner Gonzalez
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